PROJETO NACIONAL


Como se comentou ontem aqui, as reações no mercado já antecipam a possibilidade de uma arbitrarem de juros menores pelo Banco Central, após a reunião do Copom da semana que vem.

Já há instituições financeiras admitindo que o corte pode chegar a 1%, o que não é provável, embora pudesse ser tecnicamente justificável, diante da queda da inflação acumulada em janeiro e fevereiro, que pode ter um IPCA próximo – talvez ligeiramente menor – que 0,4%, metade do registrado no mesmo mês em 2011.

Mas é, sim, possível que o Banco Central queira ir além do 0,5% de corte que o mercado já tem “precificado”, para dar uma sinalização clara, dentro dos limites que lhe permite a baixa da inflação projetada, de que quer reduzir a busca de ganhos financeiros que está atraindo capital internacional, alagado de liquidez e sem mercados nem sequer parecidos com a rentabilidade do brasileiro.

Situação que, em boa parte, vem sendo a responsável pela aceleração da entrada de dólares no país e a consequente pressão para valorizar o real.

Isso, porém, dificilmente fará que o BC se disponha a alimentar polêmicas – que, aliás, se mostraram falsas – sobre uma possível politização de suas decisões. Os adversários da política monetária do governo já “baixaram a crista” em relação à decisão de inverter a trajetória dos juros tomada no final de agosto passado e o Copom certamente vai preferir não acender uma polêmica vencida.

A possibilidade mais plausível seria uma decisão a la Pinheiro Machado – nem tão depressa que pareça fuga, nem tão devagar que pareça afronta – e a queda seja na ordem de 0,75%, o que já colocaria na categoria de “um dígito” os juros públicos, hoje de 10,5% ao ano. Feita a sinalização e dependendo dos seus efeitos, os próximos cortes ficariam mais modestos, na casa de 0,25%, dependendo da evolução da inflação e do câmbio.

Agora, ao contrário do que aconteceu há seis meses, o mercado já percebeu que seu poder de pressão sobre a autoridade monetária não é total e não tem a seu lado o terrorismo inflacionário que usava como alavanca para os juros naquela ocasião.

O passo seguinte é forçar a redução dos juros bancários e BB e CEF, que ostentam os menores índices de inadimplência do setor financeiro, são os instrumentos a serem usados.

Porque as ferramentas monetárias e financeiras de um país não são entes quer pairam acima das necessidades nacionais e trabalham de forma meramente “técnica”. São alavancas para o desenvolvimento, o emprego, a renda e a satisfação das necessidades de consumo dos brasileiros.

Por: Fernando Brito

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