TIJOLAÇO



No melhor estilo “vamos combinar, colega…”. Eliane Cantanhêde vai abrindo sua coluna na Folha com ares de quem já chega com julgamento pronto:

“A presidente Dilma que vá nos perdoando, mas já virou rotina: todo dia é dia de má notícia, sobretudo na economia”.

E vai lascando a história do déficit comercial anunciado ontem.

Bem, ela não é tão novinha para não lembrar os tempos do “exportar é o que importa” da ditadura e como superávits comerciais e miséria conviviam muito bem, obrigado, no Brasil.

Como quem diz o que é ou não notícia nos jornais é a turma da “massa cheirosa”, nome que a D. Eliane dá, carinhosamente, à tucanada, não se lhe tire a razão.

Mas acho que a moça devia ler as outras matérias, que escapam ao catastrofismo com que se trata a economia no Brasil.

O Globo já previa alta de 1,7% na produção industrial, este mês. Veio melhor, nos números divulgados há pouco pelo IBGE: 1,8% a mais em abril sobre março e 8,4% sobre abril de 2012. E o jornal dos Marinho ainda publica que a OIT elogiou o Brasil pelas políticas de valorização de salário mínimo e o programa Bolsa Família, citados como instrumentos para a redução da pobreza.

No Valor, diz-se que o mercado de veículos bateu novo recorde, com crescimento de 10% anual. Os brasileiros compraram 316,2 mil veículos em maio, entre automóveis, utilitários leves, caminhões e ônibus. No segmento de caminhões, o mais vinculado ao desempenho da economia, foram 17,8% a mais.

Até na Folha, o especialista em comércio exterior, Mauro Zafalon, diz que “o volume exportado de soja em grãos cresceu 7,3% no ano, as receitas superaram em 11% as de igual período do ano passado. O açúcar também mostra bom desempenho. As exportações atingem 9,6 milhões de toneladas no ano, 15% mais do que as de janeiro a maio do ano passado. A diferença em relação à soja, no entanto, é que os preços do açúcar em bruto vem caindo e no mês passado ficaram 20% inferiores aos registrados há um ano. Mesmo assim, as receitas do ano somam US$ 4,5 bilhões, 32% mais do que as de janeiro a maio de 2012.

Portanto, a D. Cantanhêde deveria parar de se informar mais sobre ecomonia e não se fixar nas manchetes que a “massa cheirosa” das editorias puxa para letras garrafais.

Ou, até, dar uma lidinha no blog da titular da área de desastres econômicos, aMiriam Leitão, que publica que “os economistas Felipe Salto e Clara Steinhauser, da consultoria Tendências, acham que o saldo da balança comercial deve melhorar daqui para frente. Hoje, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou que a balança comercial voltou para o terreno positivo em maio, ao registrar superávit de US$ 760 milhões, após déficit de US$ 994 milhões em abril.”

Entendeu, Eliane? Vou desenhar: “ a balança comercial voltou para o terreno positivo em maio, ao registrar superávit de US$ 760 milhões, após déficit de US$ 994 milhões em abril”.

Não se está vivendo, nem aqui nem em qualquer parte do mundo, tempos de bonança na economia. Daí a estarmos despencando num abismo vai mais ou menos a distância entre os casos de febre amarela registrados no Brasil em 2008 e a epidemia que a senhora previu em sua coluna. Lembra?

“O fantasma da febre amarela, portanto, paira sobre o país como um alerta num momento crucial, para que a saúde e a educação sejam preservadas antes de tudo o mais. Senão, Lula, o aedes aegypti vem, pica e mata sabe-se lá quantos neste ano –e nos seguintes.”

Vamos combinar, né, colega…



Por: Fernando Brito
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