Várias empresas canadianas têm interesses no Brasil. Presidente Dilma Rousseff fala em possível "espionagem industrial".

Dilma Rousseff e o casal Obama em Brasília em 2011 PEDRO SANTANA/AFP


O Brasil vai pedir explicações ao Canadá sobre as actividades de espionagem reveladas no domingo. Segundo uma reportagem na Globo, a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos e o Centro de Segurança das Telecomunicações do Canadá, em colaboração, entraram na rede de comunicações do Ministério das Minas e Energia do Brasil.

“O Governo do Brasil manifesta o seu repúdio relativamente a esta grave e inaceitável violação da soberania nacional e dos direitos das pessoas e das empresas”, referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil Luiz Alberto Figueiredo, em comunicado dirigido ao embaixador no qual se diz “indignado". O Ministério da Defesa do Canadá entretanto disse “não comentar actividades de recolha de dados de espionagem”, referem as agências que citam a porta-voz Julie Dimambro. O embaixador do Canadá no Brasil Jamal Khokhar já foi convocado, refere a BBC.

Os novos documentos entregues pelo ex-analista da NSA Edward Snowden ao jornalista do Guardian a viver no Rio de Janeiro Glenn Greenwald permitiram mostrar, na Globo, que os fluxos de e-mails e das ligações telefónicas do ministério, incluindo as comunicações com empresas dentro e fora do Brasil, foram espiados através de um programa informático chamado Olympia. Já antes, ambos tinham revelado que a NSA tinha espiado entidades do Governo brasileiro, o que motivou uma veemente condenação por parte da Presidente Dilma Rousseff no seu discurso na Assembleia-Geral da ONU e o cancelamento da sua visita oficial a Washington.

Desta vez, a Presidente do Brasil ficou também a saber que o Canadá, além de principal envolvido neste caso de espionagem em particular, informou os responsáveis dos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido – grupo conhecido como os Five Eyes (Cinco Olhos) – que tinham conseguido entrar na rede de comunicações do ministério.

Numa reunião em Junho de 2012, os quatro aliados do Canadá tiveram acesso ao relatório detalhado dos registos telefónicos e de e-mails, dentro e fora do Brasil, com outros governos ou empresas, do ministério que gere as vastas riquezas em recursos do Brasil. Edward Snowden, enquanto agente da NSA, também. E foi essa informação que passou ao jornalista e à Globo.

Rousseff reage de novo e comenta na sua conta no Twitter tratar-se de um caso de “espionagem industrial”, uma vez que muitas empresas canadianas operam no sector mineiro no Brasil, e exige que “os Estados Unidos e os seus aliados ponham imediatamente fim, e de uma vez por todas, às suas actividades de espionagem”. “Isto é inadmissível vindo de países que querem ser parceiros”, referiu a Presidente brasileira. “Rejeitamos esta guerra cibernética.”

Os responsáveis brasileiros ficaram a saber, através de mais uma reportagem na TV Globo, que as duas agências de espionagem acederam a registos confidenciais de e-mails e ligações telefónicas do ministério que centraliza os contratos e perspectivas de investimentos num sector estratégico. Várias importantes indústrias do Brasil e do Canadá, como as do sector mineiro e aeroespacial, são concorrentes entre si, nota a estação canadiana CBC.


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