Conflito ocorreu em um contexto histórico de expansão do imperialismo; EUA, França e Reino Unido exigiam que chineses abrissem seu comércio à força

A Segunda Guerra do Ópio foi um conflito armado entre Reino Unido e França de um lado e a dinastía Qing, da China, de outro, que teve início em 3 de março de 1857 com o ataque britânico à cidade de Guangzhou.

Os anos 1850 assistiram a um rápido crescimento do imperialismo. Alguns objetivos comuns entre as potências ocidentais consistiam em expandir seus mercados ultramarinos e estabelecer novos portos de escala. Em um esforço para ampliar seus territórios na China, o Reino Unido exigiu em 1854 que as autoridades da dinastía Qing renegociassem o Tratado de Nanquim. As demandas britânicas incluiam o exercício do livre comércio, a legalização da comercialização do ópio, abolição dos impostos a estrangeiros, supressão da pirataria, regulação do tráfico de coolies (trabalhadores semi-escravos) e a permissão do embaixador britânico residir em Pequim. A corte dos Qing repeliu as exigências apresentadas pelo Reino Unido, França e Estados Unidos.

A guerra pode ser vista como uma continuação da Primeira Guerra do Ópio (1839-1842). Em 8 de outubro de 1856, oficiais dos Qing abordaram o Arrow, um barco de donos chineses, registrado em Hong Kong, suspeito de pirataria e contrabando. Doze chineses foram presos. O fato ficou conhecido como o Incidente do Arrow.

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Suspeito de contrabando, navio britânico Arrow é apreendido por soldados chineses

Oficiais britânicos em Cantão pediram a libertação dos marinheiros afirmando que como o navio havia sido recentemente registrado por britânicos estava protegido pelo Tratado de Nanquim. Quando se demonstrou que a alegação era débil, os britânicos insistiram que os soldados dos Qing haviam insultado a bandeira. Em guerra com os insurgentes da Rebelião Taiping, os Qing não estavam em condições de repelir um ataque do Ocidente.

Após o Incidente do Arrow, no começo de março de 1857, os britânicos atacaram Guangzhou a partir do rio das Pérolas. Depois de tomar os fortes cerca de Cantão, a armada britânica atacou a cidade. O Parlamento em Londres decidiu exigir compensação da China. França, Estados Unidos e Rússia receberam convite do Reino Unido para uma aliança. A França logo se uniu à ação britânica contra a China, provocada pela execução do missionário francês Auguste Chapdelaine, em Guangxi.

Britânicos e franceses uniram forças sob o comando do almirante Michael Seymour. Suas armadas atacaram e ocuparam no final de 1857. A aliança anglo-francesa manteve o controle de Guangzhou por quase quatro anos.

Em junho de 1858, terminou a primeira fase da guerra com o Tratado de Tientsin, no qual França, Rússia e Estados Unidos tomaram parte. Os chineses inicialmente se negaram a firmar o tratado que rezava: o Reino Unido, a França, a Rússia e os Estados Unidos teriam o direito de estabelecer delegações diplomáticas em Pequim, uma cidade fechada à época; dez novos portos seriam abertos ao comercio internacional, incluindo Niuzang, Danshui, Hankou e Nanquim; o direito de todos os navios estrangeiros navegar libremente pelo rio Yangtsé; o direito aos estrangeiros de viajar livremente pelo interior do país; a China deveria pagar uma indenização ao Reino Unido e à França de 2 milhões de taeles de prata; além de uma compensação aos comerciantes británicos de 2 milhões de taeles de prata pela destruição de suas propiedades.

Em 1859, depois que a China se negou a permitir o estabelecimento de embaixadas em Pequim, conforme acordado no Tratado de Tientsin, uma força naval bombardeou os fortes localizados na boca do rio Hai He.

Em 1860, uma força naval anglo-francesa levou a cabo um desembarque em Pei Tang em 3 de agosto e um ataque bem-sucedido aos fortes de Taku em 21 de agosto. Em 26 de setembro, a força chegou a Pequim e tomou a cidade em 6 de outubro. Designado seu irmão, o príncipe Gong, como seu representante, o imperador Xianfeeng fugiu para o Palácio de Verão, em Chegde, mais ao oeste. As tropas anglo-francesas incendiaram, o palácio e o velho Palácio de Verão, depois de saqueá-los por vários días.

Os motivos da destruição do palacio de verão foram um tema de debate. Os britânicos alegaram que se tratava de desalentar os chineses de usar o sequestro como ferramenta de negociação, além de vingar-se do imperador por sua violação à tregua.

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Ruínas do Palácio de Verão do imperador em Xiyanglou, na China, detruído por tropas britânicas e francesas

Historiadores ocidentais afirmam que a autorização dos britânicos para incendiar o palácio deveu-se à tortura e ao assassinato de quase 20 prisioneiros ocidentais. Os manchus da época haviam convertido a tortura em uma arte cruel que incluía a morte por meio de milhares de cortes na epiderme da vítima presa por uma espécie de jaqueta de arame; além da morte por mortificação, em que os membros eran separados do corpo, um a um. Historiadores chineses argumentaram que a destruição foi um encobrimento para os múltiplos saques.

O Tratado de Tientsin, firmado em julho de 1858, foi finalmente ratificado pelo irmão do imperador, o príncipe Gong, na Convenção de Pequim em 18 de ouutubro de 1860, enquanto as potências ocidentais ocupavam Pequim, pondo fim à Segunda Guerra do Ópio.

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Convenção de Pequim submete China a indenizações humilhantes

O comercio do ópio foi legalizado e aos cristãos foram concedidos todos os direitos civis, incluindo o direito à propriedade privada e o direito de evangelizar.

A Convenção de Pequim incluiu: abertura de Tianjin como porto comercial; cessão desse distrito ao Reino Unido; autorização aos navios britânicos de levar os chineses feridos aos Estados Unidos; indenização ao Reino Unido e à França de 8 milhões de taeles de prata a cada um.




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