Presidente do Uruguai afirma que 'não se deve fazer novela' em torno da concessão de refúgio a cinco prisioneiros, que poderão 'fazer ninho' em seu país, tirando um 'peso das costas' do norte-americano

por Redação RBA

PRESIDÊNCIA URUGUAI


Mujica explicou que, por ter ficado tanto tempo preso, sentiu-se solidário aos detentos de Guantánamo


São Paulo – O presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, confirmou hoje (20) que seu país abrigará cinco presos da base de Guantánamo em qualidade de "refugiados" e por uma questão de "direitos humanos" após um pedido do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O fechamento da prisão mantida pelos norte-americanos, dentro da ilha de Cuba, é uma promessa da primeira campanha de Obama, em 2008.

"Não se deve fazer novela, não há nenhum acordo. É um pedido por uma questão de direitos humanos. Há 120 pessoas que estão presas há 13 anos. Não viram um juiz, não viram um promotor, e o presidente dos Estados Unidos quer tirar esse problema das costas. O Senado lhe exige 60 coisas, então pediu a um montão de países se podiam dar refúgio a alguns e eu lhe disse que sim", explicou Mujica à imprensa horas depois de revelado o acordo.

Mais cedo, os Estados Unidos confirmaram as negociações e disseram que há tratativas com outros países sul-americanos para que recebam os internos de Guantánamo, distribuídos em três centros de detenção abertos em 2002, durante a administração do republicano George W. Bush. Desde o começo há acusações de presos mantidos sem acusação formal e submetidos a uma série de torturas.

O acordo com o Uruguai prevê que os presos fiquem no país durante dois anos. Não foi esclarecido até agora em que formato se dará a transferência, mas, segundo as declarações de Mujica, eles virão na condição de refugiados.

Mujica declarou que sua resposta ao pedido dos Estados Unidos foi afirmativa porque ele passou "um montão de anos preso". O presidente, de 78 anos, foi um dos líderes históricos do movimento guerrilheiro Tupamaros e esteve preso 13 anos em duras condições antes e durante a ditadura que governou o Uruguai entre 1973 e 1985. "Vêm como refugiados e o Uruguai lhes dá um lugar se querem trazer a família e tudo o demais", acrescentou o presidente, que afirmou ainda que se os presos "querem fazer ninho e trabalhar no país, que fiquem no país".

No mês seguinte à vitória eleitoral, em 2008, Obama suspendeu a moratória para transferir presos de Guantánamo ao Iêmen e pediu ao Congresso para suspender as restrições às demais transferências. Agora, segundo a revistaBúsqueda, que revelou o caso, a intenção dos Estados Unidos é "distribuir os detentos em mais de uma dúzia de países de distintas partes do mundo" e que "Mujica decidiu aceitar a proposta após uma série de consultas e de enviar emissários aos Estados Unidos e a Guantánamo".

Além disso, durante sua última visita a Cuba, no final de janeiro, para participar da Cúpula Presidencial da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o presidente "informou a seu par desse país, Raúl Castro, sobre a ideia de Obama e ambos concordaram em apoiá-la".

Com informações da Agência EFE
Rede Brasil Atual

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