Morte coincidiu com o 50º aniversário da Declaração e umas horas antes da morte de seu predecessor, John Adams

Wikicommons - por Rembrandt
Thomas Jefferson, o principal redator da Declaração de Independência dos Estados Unidos de 1776, considerado um dos país fundadores da nação, morre em 4 de julho de 1826, aos 83 anos, em Monticello, Virginia. A morte coincidiu com o 50º aniversário da Declaração e umas horas antes da morte de seu predecessor, rival eleitoral e amigo, John Adams.

Jefferson se tornou conhecido pela promoção dos ideais do republicanismo. Antecipou a visão de uma nação como respaldo de um grande “imperio da liberdade” que promovería a democracia e a luta contra o imperialismo britânico.

Como filósofo político, Jefferson era um homem do Iluminismo e conhecia muitos líderes intelectuais do Reino Unido e França. Idealizava o pequeno agricultor proprietário independente como exemplo de virtudes republicanas, desconfiava das cidades e dos financistas, favoreceu os direitos dos estados e um governo federal estritamente limitado. Jefferson apoiou a separação de Igreja e Estado e foi autor do ‘Estatuto para a Liberdade Religiosa da Virgínia’. Foi o epônimo da ‘democracia jeffersoniana’. Co-fundou e liderou, junto com James Madison, o Partido Democrata-Republicano que dominou a política estadunidense durante 25 anos.

Jefferson foi governador do estado da Virgínia durante a Guerra de Independência (1779-1781); o primeiro Secretário de Estado (1789-1793) e vice-presidente (1797-1801).

Erudito e polímata, Jefferson dedicou-se à horticultura, política, arquitetura, arqueología, paleontología e música. Foi fundador da Universidade de Virgínia, declarada pela Unesco Patrimônio da Humanidade em 1987. Quando o presidente John Kennedy deu as boas-vindas a 49 ganhadores do Prêmio Nobel na Casa Branca em 1962, disse: “Creio que esta é a coleção mais extraordinária de talento e do saber humano jamais reunida, com a possível exceção de quando Thomas Jefferson jantava sozinho”.

Terceiro presidente dos Estados Unidos, Jefferson pertencia à aristocracia de grandes latifundiários do Sul. Formou-se advogado, e suas inquietações intelectuais o acercaram da filosofia das Luzes e das ideias liberais,, fazendo-o abandonar a religião.

Começou a participar da política em seu estado a partir de 1769, defendendo a tolerância religiosa e um ensino público igualitário. Quando se agravou o conflito entre o Reino Unido e suas 13 colônias norte-americanas, Jefferson defendeu o direito das colônias, publicando um ensaio de corte radical – “Breve Análise dos Direitos da América Britânica”, 1774.

Durante a Guerra da Independência, Jefferson foi eleito delegado da Virgínia na Convenção Continental da Filadélfia, em 1775, onde se destacou como orador e autor de formulações políticas. Redigiu o rascunho da Declaração de Independência em cujo texto estampou as ideias liberais de John Locke. Justificou a rebelião em virtude das transgressões do rei George III contra os direitos reconhecidos aos cidadãos pela constituição não escrita do Reino Unido. Sua defesa da democracia, da igualdade, do direito dos povos a dispor deles mesmos e do direito natural dos homens à vida, à liberdade e à busca da felicidade marcaram o nascimento e as primeiras décadas dos Estados Unidos.

Outro documento fundamental de que se mostrou o inspirador foi a “Ordenança do Noroeste” (1787), que regulava a forma de expansão das 13 Colônias originárias em direção aos amplos territórios do centro-oeste e oeste, designando governadores nomeados pelo Congresso até que alcançassem massa demográfica suficiente para pleitear a admissão como estado da União.

Foi membro do Congresso, defendendo sem êxito a abolição da escravatura. Como embaixador dos Estados Unidos em Paris (1785-1789) valeu-se de sua experiência para assessorar o primeiro governo surgido da Revolução Francesa. Mais tarde foi nomeado o primeiro Secretário de Estado do país (1790-1793).

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Declaração de independência dos Estados Unidos

Por essa ocasião, enfrentou o Secretário do Tesouro, Alexander Hamilton, perfilando o primeiro sistema bipartidário norte-americano: Hamilton, líder dos “federalistas centralistas”, antecedente ideológico do Partido Republicano, propunha reforçar o poder do governo federal a serviço da expansão da União e da hegemonia dos capitalistas do Norte; Jefferson, dirigente dos “federalistas republicanos”, precursores do Partido Democrata, defendia a autonomia dos estados, especialmente a fim de proteger os interesses do Sul e um modelo democrático de pequenos proprietários independentes.

Em 1796, Jefferson perde as eleições presidenciais ante o federalista John Adams. Em virtude de uma disposição constitucional depois derrogada, se converteu no vice-presidente como segundo candidato mais votado (1797-1801). Finalmente, ganhou as eleições em 1800 e se reelegeu em 1804.

O mais relevante de seus dois mandatos foi a consolidação de uma divisão de funções entre os poderes constitucionais segundo a qual o governo federal se encarregaria da defesa e da política externa, deixando aos estados uma ampla autonomia política interior. Com isto, levou à prática suas convicções filosóficas sobre a necessidade de limitar o poder para salvaguardar as liberdades.

Jefferson também favoreceu a futura expansão dos Estados Unidos ao adquirir da França o extenso território da Luisiana (1803) e potenciar as explorações em direção ao oeste.

Seguindo o exemplo de Washington, não se apresentou a um terceiro mandato, elegendo em 1808 o seu correligionário republicano James Madison. Abandonou a política para se dedicar às suas múltiplas afeições intelectuais.


Opera Mundi


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