Por Altamiro Borges

Numa ação conjunta da Polícia Federal brasileira com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, o médico-estuprador Roger Abdelmassih foi preso nesta terça-feira (19) em Assunção. Em 2010, ele foi condenado a 278 anos de prisão, mas estava foragido desde 2011 graças a um estranho habeas corpus concedido pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes. Segundo a PF, após o procedimento de deportação sumária, ele dará entrada no país por Foz do Iguaçu (PR), cidade na fronteira com o Paraguai, e depois será transferido para São Paulo, aonde finalmente deverá cumprir a sua pena – caso não pinte mais um providencial habeas corpus, tão comum entre os ricaços.

Para quem já esqueceu o episódio, Roger Abdelmassih mantinha uma clínica de genética na Avenida Brasil, região nobre da capital paulista, onde atendia clientes milionários. Durante muito tempo, ele foi paparicado pela mídia privada. Em 2008, porém, surgiram as primeiras denúncias de que o médico sedava as pacientes e cometia crimes sexuais. Em junho de 2009, ele foi indiciado por estupro e atentado violento ao pudor. Aos poucos, 35 pacientes denunciaram os crimes do “médico das elites”, que teria cometido 56 estupros. Abdelmassih chegou a ficar detido de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas foi beneficiado por um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes.

Em 23 de novembro de 2010, a Justiça condenou o médico-estuprador a 278 anos de prisão, mas ele seguiu em liberdade e, na sequência, fugiu do Brasil. Na ocasião, a postura do ex-presidente do STF gerou fortes críticas. O habeas corpus concedido em pleno feriado do Natal foi rejeitado por juristas de renome, que questionaram o privilégio dado ao dono da clínica de fertilização sediada no reduto da aristocracia paulistana. Segundo denúncias, o advogado de defesa do médico, Marcio Thomaz Bastos, teria recebido R$ 500 mil para viabilizar o benefício no STF. Agora, com a nova prisão no Paraguai, espera-se que o médico dos ricaços não seja novamente privilegiado.


Altamiro Borges

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