Por Luiz Carlos Azenha
No discurso em que admitiu a derrota, o candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, fez algo raro para um petista — com raríssimas exceções, dentre as quais se destaca o ex-presidente Lula.
Reclamou.
Nos últimos anos, abalado de um lado por uma série de escândalos e de outro por preocupações administrativas, o partido simplesmente deixou de politizar as questões.
Ontem, na Globonews, durante o Manhattan Connection, os comentaristas simplesmente se revezavam na “articulação” da campanha de segundo turno de Aécio Neves. Caio Blinder, por exemplo, sugeriu que Aécio retome a campanha dos anos 50, com um adendo: “O petróleo é nosso, não do PT”.
Na cobertura eleitoral, Gerson Camarotti dizia com a maior naturalidade que ainda há muito a vazar sobre a delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Que a mídia tome para si este papel, inclusive em concessões públicas, foi absolutamente “naturalizado” no Brasil.
Por outro lado, derrotado, não duvido que o petista Eduardo Suplicy ocupe um papel naquela bancada do canal de notícias da Globo, bem ao lado do Merval Pereira.
Mas, retomando, ontem Alexandre Padilha reclamou. Disse que era preciso avaliar o trabalho dos institutos de pesquisa e legislar a respeito.
A reclamação do petista faz sentido. No início da campanha, Padilha não atingiu o “quociente” eleitoral definido pela própria TV Globo e ficou fora da cobertura da emissora.
Olhem abaixo a série de pesquisas Ibope para governador de São Paulo:

No dia 4 de outubro, Padilha aparecia com 11% das preferências do eleitorado.
No dia 5, obteve 18%, bem acima do previsto.

Na Globo, Heraldo Pereira atribuiu a diferença à suposta vantagem que a militância do PT dá ao partido na última hora.
Esqueceu-se de dizer que isso é coisa do tempo em que a boca-de-urna não era proibida.
Alexandre Padilha tem razão ao reclamar. As pesquisas moldam as expectativas do eleitorado, além de ameaçar o financiamento de campanha. O desânimo passa a tomar conta mesmo dos colaboradores mais próximos.
A diferença entre a expectativa — 11% — e os votos na urna — 18% — está muito distante da margem de erro. Pode ser resultado de uma questão metodológica? Ou foi, pura e simplesmente, manipulação grosseira, visto que manter o governo de São Paulo era absolutamente essencial para a sobrevivência do PSDB?
O que fará o PT a respeito?
PS: Numa análise rápida, as eleições de 2014 podem marcar um golpe profundo nos votos ideológicos de esquerda. Um lutador pelo direitos humanos, Adriano Diogo, com 54 mil votos, não se elegeu deputado federal pelo PT. Já o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, se elegeu com quase 170 mil. Tiririca, com quase um milhão de votos, vai levar de carona para a Câmara deputados com cerca de 25 mil. Enquanto isso, na extrema direita, Jair Bolsonaro se elegeu com 82 mil. Em São Paulo, o coronel Telhada, ex-comandante da Rota, foi o segundo deputado estadual mais votado, com 250 mil. O Congresso que saiu das urnas parece ter um perfil ainda mais conservador.
No discurso em que admitiu a derrota, o candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, fez algo raro para um petista — com raríssimas exceções, dentre as quais se destaca o ex-presidente Lula.
Reclamou.
Nos últimos anos, abalado de um lado por uma série de escândalos e de outro por preocupações administrativas, o partido simplesmente deixou de politizar as questões.
Ontem, na Globonews, durante o Manhattan Connection, os comentaristas simplesmente se revezavam na “articulação” da campanha de segundo turno de Aécio Neves. Caio Blinder, por exemplo, sugeriu que Aécio retome a campanha dos anos 50, com um adendo: “O petróleo é nosso, não do PT”.
Na cobertura eleitoral, Gerson Camarotti dizia com a maior naturalidade que ainda há muito a vazar sobre a delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Que a mídia tome para si este papel, inclusive em concessões públicas, foi absolutamente “naturalizado” no Brasil.
Por outro lado, derrotado, não duvido que o petista Eduardo Suplicy ocupe um papel naquela bancada do canal de notícias da Globo, bem ao lado do Merval Pereira.
Mas, retomando, ontem Alexandre Padilha reclamou. Disse que era preciso avaliar o trabalho dos institutos de pesquisa e legislar a respeito.
A reclamação do petista faz sentido. No início da campanha, Padilha não atingiu o “quociente” eleitoral definido pela própria TV Globo e ficou fora da cobertura da emissora.
Olhem abaixo a série de pesquisas Ibope para governador de São Paulo:
No dia 4 de outubro, Padilha aparecia com 11% das preferências do eleitorado.
No dia 5, obteve 18%, bem acima do previsto.
Na Globo, Heraldo Pereira atribuiu a diferença à suposta vantagem que a militância do PT dá ao partido na última hora.
Esqueceu-se de dizer que isso é coisa do tempo em que a boca-de-urna não era proibida.
Alexandre Padilha tem razão ao reclamar. As pesquisas moldam as expectativas do eleitorado, além de ameaçar o financiamento de campanha. O desânimo passa a tomar conta mesmo dos colaboradores mais próximos.
A diferença entre a expectativa — 11% — e os votos na urna — 18% — está muito distante da margem de erro. Pode ser resultado de uma questão metodológica? Ou foi, pura e simplesmente, manipulação grosseira, visto que manter o governo de São Paulo era absolutamente essencial para a sobrevivência do PSDB?
O que fará o PT a respeito?
PS: Numa análise rápida, as eleições de 2014 podem marcar um golpe profundo nos votos ideológicos de esquerda. Um lutador pelo direitos humanos, Adriano Diogo, com 54 mil votos, não se elegeu deputado federal pelo PT. Já o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, se elegeu com quase 170 mil. Tiririca, com quase um milhão de votos, vai levar de carona para a Câmara deputados com cerca de 25 mil. Enquanto isso, na extrema direita, Jair Bolsonaro se elegeu com 82 mil. Em São Paulo, o coronel Telhada, ex-comandante da Rota, foi o segundo deputado estadual mais votado, com 250 mil. O Congresso que saiu das urnas parece ter um perfil ainda mais conservador.

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