Mito
O deputado Jair Bolsonaro foi ovacionado em Brasília pelos manifestantes no dia 13 de março.
De cima de um carro alegórico, acompanhado do vaiado Silas Malafaia, Bolsomito fez um discurso insinuando que Dilma é homossexual, chutou um boneco do pixuleco, prometeu implodir o ministério da educação — enfim, fez exatamente o que seus fãs esperam.
Juntamente com Sergio Moro, Bolsonaro foi citado espontaneamente na Paulista, segundo o Datafolha, como depositário das esperanças de um país decente. Sua candidatura em 2018 é um dos legados dessas manifestações de direita.
Para além da cavalgadura, Bolsomito representa o político incorruptível. Seus seguidores se orgulham disso. Nessa definição fica de fora sua participação num atentado a bomba em 1987, noticiado pela Veja, que ele desmente.
Assim como fica de fora sua participação na Lista de Furnas, em que aparece como destinatário de 50 mil reais. A lista, como se sabe, traz os nomes de 156 políticos e os respectivos valores recebidos na campanha eleitoral de 2002 do caixa 2 de empresas que prestaram serviços para a estatal mineira.
Bolsonaro se defendeu argumentando que o documento é falso. Mas quem divulgou essa versão foi o PSDB de Minas Gerais, com base em pareces de peritos contratados para isso e num laudo da Polícia Federal feito em cima de uma das cópias divulgadas por Nilton Monteiro, o homem que confessou atuar em Furnas como operador do caixa 2.
Quando a tese da falsidade prosperava, Monteiro entregou à Polícia Federal a lista original, que foi periciada. A conclusão foi que se tratava de um papel autêntico. Em fevereiro, o ex-deputado federal Roberto Jefferson e mais seis pessoas foram indiciados pela Delegacia Fazendária (Delfaz) por crime de corrupção ativa e lavagem de dinheiro no caso.
Estranhamente, Bolsonaro disse também que não sabe recebeu propina no esquema da Petrobras. “O Alberto Youssef já disse que no meu partido só sobrariam dois. Eu não sei quem são os dois, mas, se eu recebi algum dinheiro, o partido não levou meu voto para o Executivo”, afirmou.
Seu partido nessa ocasião, o PP, era o que mais aparecia, proporcionalmente, nas investigações da Lava Jato. Ele nunca viu nada, naturalmente. Sua campanha era irrigada com financiamento do espírito santo.
Acabou migrando para o PSC, ninho de pastores picaretas como o amigão Marco Feliciano. A sigla levou 6 161 556 milhões de reais advindos de empresas denunciadas na operação comandada pelo doutor Moro.
Bolsonaro engana quem quer ser enganado. Se sua cantilena contra “a roubalheira” fosse séria, não estaria apoiando desesperadamente o financiamento privado das campanhas. No mínimo, proporia alguma alternativa.
Ele faz teatro. Oportunista, tenta se pendurar em ícones de retidão moral consagrados em operações policiais. Há algumas semanas, tirou selfies no Congresso Nacional com Newton Ishii, o famoso “Japonês da Federal”, numa tietagem que seria constrangedora se não fosse patética.
Ishii responde a três processos, sendo um na esfera criminal, outro administrativo e outro por improbidade administrativa. Foi condenado por corrupção passiva e facilitação de contrabando e está recorrendo das decisões.
Nesta segunda, dia 15, o STJ negou recurso do “Japonês”, parceiro do Bolsomito no imaginário coxa como exterminadores da ameaça petralhocomunistagayzistacorrupta.
Erguido em triunfo por neonazistas, Bolsomito nem sequer é assíduo no trabalho. Segundo levantamento do Globo, é um dos mais faltosos do Câmara dos Deputados.
Eu prometo colocar aqui as respostas dos bolsomitômanos, que aparecem aos magotes sempre que seu herói é citado em qualquer coisa. Com certeza dirão, entre xingamentos e ameaças, que suas ausências se devem ao fato de que ele está muito ocupado numa missão divina: livrar o Brasil da ladroeira.
Tietando o “Japonês da Federal”, acusado de contrabando

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