Aquilo que se afirmou aqui, ontem, que se ampliavam as possibilidades de o Governo Dilma resistir à ofensiva golpista na Câmara, é também a percepção de muita gente que se mantém equilibrada nas redações dos jornais, como é o caso de Bernardo de Melo Franco, na Folha de hoje.

Assim como se evidencia que Eduardo Cunha está comandando uma tresloucada corrida para, na prática, servir-se do lento tempo do STF em decidir e dos artificiosos bloqueios à defesa política do Governo que Lula poderia fazer, plantados, como se sabe, por Gilmar Mendes.

Então, paradoxalmente, o que o Brasil vive hoje é, em nome da independência dos poderes, uma imensa manipulação, onde um réu do Supremo (Cunha) serve-se do ritmo lento das decisões deste mesmo tribunal para criar as condições políticas que, amanhã, com um governo que se erija pela sua ação e do qual exercerá o controle prático, possa escapar do julgamento de seus atos.

Em nome das instituições, teremos um bandido no poder real?

A lógica do atropelo

Bernardo Melo Franco, na Folha
Pilotada pelo réu Eduardo Cunha, a comissão do impeachment pisou no acelerador. A ordem é apressar ao máximo a votação da denúncia contra Dilma Rousseff. O relator Jovair Arantes deve apresentar parecer pela cassação nesta quarta, cinco dias antes do previsto.


O atropelo não é fruto de pressão das ruas ou dos empresários que pedem um desfecho rápido para a crise. Cunha tem pressa porque quer reduzir as chances de salvação do governo. Isso parecia impossível, mas voltou a ser cogitado em Brasília.

Três fatores deram fôlego a Dilma: as manifestações em defesa de seu mandato, que romperam a paralisia da esquerda; a divisão do PMDB, cujos ministros se recusam a deixar o governo; e o avanço das negociações com outros partidos. Nesta terça (5) o feirão de cargos motivou um inusitado protesto do deputado Paulo Maluf, que se disse indignado com a barganha.

Ainda não se pode afirmar se o Planalto conseguirá virar o jogo, mas a sensação geral no Congresso é de que a batalha embolou. Nas duas trincheiras, poucos deputados arriscam dizer se a oposição alcançará os 342 votos para afastar Dilma.

Cunha e seu aliados têm mais um motivo para a pressa. Eles querem votar o pedido de impeachment antes que o STF decida o futuro de Lula. A posse do ex-presidente na Casa Civil está suspensa por liminar de Gilmar Mendes. Já se passaram quase três semanas, mas o ministro ainda não submeteu a decisão ao plenário.

Se Lula voltar ao palácio com plenos poderes, aumentam as chances de Dilma se salvar. Daí o atropelo dos deputados que querem encerrar o assunto a jato, mesmo que para isso precisem trabalhar num domingo.

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