Por Pedro Breier

Abro este post com algumas falas do grande José Saramago:

A democracia que vivemos é sequestrada, amputada. O poder do cidadão se limita a tirar um governo que não gosta e colocar um que não sabe se vai gostar.

Os governos que elegemos, no fundo, são correias de transmissão das decisões e das necessidades do poder econômico (representado pelo FMI, OMC e pelo Banco Mundial), e os governos não só funcionam como correias de transmissão, mas também como os agentes que preparam as leis, como as que levam ao emprego precário.

O escritor português constatava que todo partido que se diz de esquerda acabava fazendo um governo à direita do seu programa original quando chegava ao poder.

Isso porque o mundo é dominado pelas grandes corporações e pelo mercado financeiro, os quais buscam, por meio de órgãos como o Fundo Monetário Internacional, a Organização Mundial do Comércio e o Banco Mundial, enquadrar os governos nacionais ao redor do globo para que sigam suas diretrizes políticas e econômicas.

Lembrei desta análise do saudoso Saramago ao saber que o PSDB lançará, hoje, um manifesto – que deverá dar a linha da sua campanha presidencial em 2018 – tentando, aparentemente, posicionar-se como um partido de centro.


Um manifesto “liberal temperado com ponderações sociais”, segundo a Folha. “Nele, o Estado não deve ser ‘nem máximo, nem mínimo, pois esse é um falso dilema'”, diz a reportagem.

Primeira constatação: se o poder econômico global empurra, à forceps, todos os governos para a direita, não faz o menor sentido acreditar que o PSDB fará um governo “de centro”.

A segunda constatação é a de que a direita está realmente decidida a copiar a estratégia de Macron, candidato que ganhou as últimas eleições presidenciais francesas vendendo-se como um político de centro que adotaria a austeridade mas sem esquecer as questões sociais.

Macron já mostrou toda a sua preocupação social presenteando os franceses com uma reforma trabalhista ao estilo temerista: ótima para os patrões, péssima para os trabalhadores.

O PSDB gostou da jogada esperta do Macron e pretende imitá-la. Haja propaganda enganosa para vender o partido de FHC como de centro.

Os tucanos são os queridinhos do status quo no Brasil porque seus governos invariavelmente seguem, alegremente, as diretrizes oriundas dos grandes centros de poder como o FMI, OMC e Banco Mundial.

Privatização de tudo o que for possível, desmonte dos serviços públicos e consequente prostração do Estado diante do poder do capital é praxe entre governantes do bico longo.

O PSDB é tão, mas tão fiel às diretrizes do deus mercado que continua no moribundo governo de Temer – o político mais rejeitado do planeta – em nome das reformas contra os trabalhadores.

Seja na presidência, seja nas prefeituras, o PSDB costuma tentar matar por inanição mesmo os serviços mais básicos que devem ser prestados pelo Estado para que as pessoas tenham uma vida minimamente digna, como saúde e educação.

Em que área, então, o Estado não deve ser mínimo para o partido de Aécio Neves? O próprio manifesto dá a pista: o Estado deve ser “musculoso, eficiente”, diz o texto.

O “musculoso” só faz sentido se for uma referência ao poder bélico das polícias militares e do exército.

Não para garantir a segurança nacional contra ameaças estrangeiras, obviamente, mas para reprimir duramente qualquer protesto contra os governos vendidos e anti-povo dos tucanos.

A PM do candidato de centro (risos) Alckmin, considerada a mais violenta do Brasil, está aí para comprovar.

O Cafezinho

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