Foto Federação Nacional dos Petroleiros
Entreguismo e jabuticaba
No Brasil uma empresa capitalista comemora e trabalha para que concorrentes retirem parcelas de mercado dela própria, que é o atual caso da Petrobrás
Por Eric Gil Dantas, pelo IBEPS, o Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais, no site da FNP
O termo jabuticaba é utilizado no vocabulário popular brasileiro para denominar — além da fruta nativa da Mata Atlântica — algo que só existe no Brasil.
Pedro Parente é responsável por mais uma aplicação deste termo, pois só no Brasil uma empresa capitalista comemora e trabalha para que concorrentes retirem parcelas de mercado dela própria, que é o atual caso da Petrobrás.
Como pontuou uma matéria da Exame, “a estatal respondeu por 75 por cento da produção do Brasil em fevereiro, contra 93 por cento em 2010, no fim do governo Luiz Inácio Lula da Silva. A presença começou a cair com a produção do pré-sal, no governo Dilma Rousseff. E se acelerou desde que Michel Temer assumiu o governo em 2016 e abriu o setor para estrangeiras. Em dois anos, a Petrobras reduziu em 7 pontos percentuais sua participação de mercado, mesma fatia que a empresa levou 13 anos para perder desde o fim do monopólio, há 20 anos”. (Exame, 2018)
Esta perda está se dando com a entrada de grandes petrolíferas estrangeiras no mercado.
Enquanto a Petrobrás foi a responsável a partir dos seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento científico para encontrar o pré-sal, agora empresas estrangeiras – como a Exxon Mobil e a Statoil – se benificiam bastante disso.
Mas isso ainda não é o suficiente. Correndo contra o tempo, antes que as eleições presidenciais retirem um presidente sem votos e totalmente questionável em todas as pesquisas de opinião feitas desde 2016 e a sua equipe, dentre eles Pedro Parente, apresentaram no mês passado uma nova proposta de intenção de mudanças: agora o objetivo é aumentar a participação de outras empresas no setor de refinamento, onde a Petrobrás hoje detém 99% do mercado – tendo por objetivo diminuir sua participação para 75%.
Segundo a própria Petrobrás, a tendência desse mercado no Brasil é de um crescimento anual de 1,8% até 2030, ao contrário do que deverá ocorrer em outras economias mais ricas.
Ou seja, um setor muito atraente para qualquer empresa (menos para a Petrobrás?).
O primeiro movimento é vender 60% das participações de quatro refinarias que, juntas, correspondem à 37% do refinamento do Brasil: no Sul a Refap (RS) e a Repar (PR), que correspondem a 18% da capacidade de refino do país; e no Nordeste a Rlam (BA) e a Rnest (PE), que respondem por 19% da capacidade de refino.
Para além da entrega de bandeja da riqueza nacional para petroleiras estrangeiras, isso atingirá em cheio os empregos e a renda gerada nos locais onde ficam estas refinarias.
Em Araucária, localizada na Região Metropolitana de Curitiba, o secretário de governo da cidade já disse que a maior parte da arrecadação de Araucária está diretamente e indiretamente ligada à refinaria e que se houver uma queda brusca dos impostos pagos pela empresa sequer conseguirão quitar os salários dos funcionários municipais.
A pergunta que devemos fazer é: a que interesse Pedro Parente e Michel Temer estão respondendo, jogando lucros bilionários para empresas estrangeiras o quanto antes, enquanto ainda não o derrubam nas urnas?
Dos petroleiros e dos brasileiros que dependem dos empregos e da arrecadação gerada pela produção da Petrobrás para garantir Educação e Saúde em suas cidades não é.
Viomundo