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Um telegrama confidencial escrito pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil ao Departamento de Estado em 1984 afirma que a corrupção era parte “indissociável” do governo militar.
O documento, divulgado pelo jornal O Globo, diz também que o “jeitinho brasileiro” era regra na política: a troca de favores e promessas, a contratação de amigos e familiares em bons empregos, e o hábito de burlar regras restritivas.
Segundo o informe, os escândalos de corrupção atingiam até o mais alto escalão do governo de João Figueiredo, o que o tornava impopular e indicava o fim próximo da ditadura militar.
O então ministro do Planejamento, Delfim Netto, e um dos signatários do AI-5, é citado no telegrama como acusado de corrupção em dois casos: um empréstimo de US$ 2 bilhões à Polônia a taxas de juros baixas e o recebimento de propina para intermediar negócios entre bancos estrangeiros e estatais brasileiras.
Documentos britânicos obtidos pela Folha de S. Paulo apontam outros casos de corrupção na ditadura militar, nos governos dos generais Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Gesiel.
Segundo os registros, em 1978 o Reino Unido pretendia investigar uma denúncia de superfaturamento na compra de equipamentos para a construção dos navios vendidos ao Brasil e se ofereceu para pagar indenização de 500 mil libras. O regime militar brasileiro, no entanto, não quis receber o valor e negou os pedidos britânicos para ajudar na investigação.