“A estratégia do PT tem um efeito paralisante porque trata-se do nome mais forte em qualquer pesquisa”, afirma cientista político Carlos Ranulfo.
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| NurPhoto via Getty Images Pelo menos 14 legendas devem lançar candidatos a Presidente da República. Em 2014, foram 11 nomes. |
Indefinições geradas pela situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, perda de poder do PT e do PSDB desde 2014, cláusula de barreira, estrutura do comando partidário e questões específicas das legendas são alguns dos fatores que ajudam a explicar a fragmentação tanto na esquerda quanto na direita.
Em 2014, foram 11 candidatos registrados. Cinco partidos que não lançaram nomes próprios há 4 anos mudaram de posição na disputa atual. O PDT e o PCdoB que apoiaram Dilma Rousseff (PT) lançaram como presidenciáveis Ciro Gomes e Manuela D'Ávila, respectivamente. O MDB que indiciou o vice da petista optou agora por Henrique Meirelles.
O Podemos, que na última corrida presidencial se chamava PTN, trocou o apoio a Aécio Neves (PSDB) pela candidatura de Alvaro Dias. Já o PSL resolveu lançar Jair Bolsonaro. Há 4 anos, a legenda fez parte da coligação de Marina Silva, então candidata do PSB e hoje presidenciável pela Rede.
Pré-candidatos à Presidência em 2018Ataques à imagem tanto do PT quanto do PSDB devido ao envolvimento com esquemas de corrupção e ao processo do impeachment e a falta de novas lideranças para ocupar esse espaço de polarização explicam parte da fragmentação. "A perda de poder dos dois partidos e a inexistência de um partido que ocupe esse lugar faz com que a eleição se pulverize", afirma o cientista político Carlos Ranulfo, coordenador do Centro de Estudos Legislativos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
PT: Lula
PSDB: Geraldo Alckmin
PDT: Ciro Gomes
PSL: Jair Bolsonaro
PSol: Guilherme Boulos
PCdoB: Manuela D'Ávila
Podemos: Alvaro Dias
Rede: Marina Silva
Novo: João Amoedo
PSC: Paulo Rabello de Castro
MDB: Henrique Meirelles
PSTU: Vera Lúcia
PRTB: Levy Fidelix
PSDC: José Maria Eymael
Candidatos à Presidência em 2014
PT: Dilma Rousseff
PSDB: Aecio Neves
PSB: Marina Silva
PSol: Luciana Genro
PSC: Pastor Everaldo
PV: Eduardo Jorge
PRTB: Levy Fidelix
PSTU: José Maria de Almeida
PSDC: José Maria Eymael
PCB: Mauro Iasi
PCO: Rui Costa Pimenta
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| MIGUEL SCHINCARIOL via Getty Images Indefinição do PT, diante da possibilidade de Lula ser declarado inelegível, paralisa articulações eleitorais, avalia cientista político. |
Na avaliação do especialista, a atuação do PT tem sido um fator desestabilizador no atual jogo eleitoral. "O principal problema da pulverização é porque tem muita incerteza. Não há indicadores claros. A primeira incerteza é o PT (...) É uma estratégia que tem um efeito paralisante nas eleições porque trata-se do nome mais forte em qualquer pesquisa que se faça" afirmou, em referência a Lula, que tem liderado as intenções de voto.
Apesar de o ex-presidente estar condenado em 2ª instância e preso desde 7 de abril, o partido insiste que ele será candidato. Caberá ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidir sobre a elegibilidade. Nos bastidores, há uma expectativa de que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad será lançado como plano B, se a candidatura do ex-presidente for barrada. Ele tem atuado como coordenador do programa de governo.
Intenções de voto
De acordo com a última pesquisa Datafolha, publicada em 11 de junho, Lula tem 30% da preferência. Em seguida, aparecem Bolsonaro (17%), Marina (10%), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro, ambos com 6%, seguidos por Dias, com 4%. Manuela e Meirelles registram 1%, percentual que não é atingido por Guilherme Boulos (PSol).No cenário em que Haddad aparece no lugar de Lula, Bolsonaro lidera com 19% das intenções de voto, seguido por Marina (15%), Ciro (10%), Alckmin (7%), Dias (4%) e Manuela (2%). Haddad, Meirelles e Boulos têm 1%.
O desempenho de Ciro, Alckmin e Dias nas pesquisas também explica a pulverização."Está todo mundo abaixo de 10%", afirma Ranulfo.
Num cenário em que ninguém é forte o suficiente, todo mundo se acha na condição de bancar sua candidatura.Carlos Ranulfo, coordenador do Centro de Estudos Legislativos da UFMG
| MIGUEL SCHINCARIOL via Getty Images Incerteza de que alternativas tucanas, como o ex-prefeito de São Paulo João Doria, teriam sucesso nas urnas e controle do PSDB por Alckmin garantem candidatura do ex-governador. |
Alckmin chegou a procurar Dias para oferecer a vaga de vice, mas o senador decidiu continuar como cabeça da chapa. Ambos são da centro-direita e têm entre as propostas uma maior eficiência do Estado e redução dos gastos públicos. Dias foi filiado ao PSDB entre 1994 e 2002 e entre 2003 e 2015.
Quanto à insistência no nome de Alckmin, pesam o fato de ele ser presidente do PSDB e de não haver certeza de que alternativas tucanas, como o ex-prefeito de São Paulo João Doria, teriam sucesso nas urnas. "Seria uma questão de atropelar o Alckmin. Ninguém tem poder para fazer isso no PSDB", afirma Ranulfo.
Questões internas do partido também foram decisivas para Meirelles. O fato de o ex-ministro da Fazenda bancar a própria campanha é determinante para o MDB, já que permite à sigla disponibilizar mais recursos a candidaturas estaduais na primeira eleição geral sem doações empresariais. Não ter uma aliança nacional também deixa a legenda livre para acordos locais, que vão desde coligações com petistas a tucanos.
| EVARISTO SA via Getty Images Sem apoio do centrão, Ciro Gomes aposta em discurso direcionado à esquerda. |
Diante do afastamento de siglas apoiadoras do governo de Michel Temer, o pedetista tem apostado em uma aproximação com o campo progressistas. O PCdoB se dispôs a abrir mão da candidatura de Manuela se houvesse uma união dos 4 partidos, mas tanto o PT quanto o PSol insistem nos nomes próprios.
Neste domingo, a executiva do PCdoB aprovou uma resolução em que pede a união da esquerda no 1º turno, após a união do ceentrão com Alckmin. Por outro lado, questões internas dificultam uma candidatura única.
Tanto os socialistas quanto os comunistas apostam na visibilidade das campanhas presidenciais para atingir a cláusula de barreira na Câmara dos Deputados - número mínimo de eleitos para ter acesso ao Fundo Partidário e tempo de propaganda de rádio e televisão - mas há quem critique a estratégia. "Acho um erro de cálculo. Um candidato com 1%, 2% não puxa legenda. Eles vão ter que jogar dinheiro nessas candidaturas e vão ter de tirar das campanhas para deputado", avalia Ranulfo.
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