Ao contrário do que senso comum indica, povos originários do Brasil cultivavam diferentes alimentos e ajudaram a expandir variedade de espécies


Vista aérea da Amazônia (Foto: Wikimedia Commons)VISTA AÉREA DA AMAZÔNIA (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)

A ideia de que os povos originários do Brasil viviam exclusivamente da extração de alimentos disponíveis nas florestas esconde a complexidade das civilizações que existiram no território nacional antes da chegada dos europeus. Em estudo publicado no periódico científico Nature, pesquisadores da universidade britânica de Exeter coletaram registros indicando que os povos indígenas da Amazônia desenvolviam a cultura de diferentes alimentos há 4,5 mil anos, o que possibilitou a maior diversificação de espécies da maior floresta tropical do mundo.


Para chegar a essa conclusão, os cientistas coletaram amostras de pólen, de vegetais e de carvão de um sítio arqueológico na porção leste da Amazônia. Lá, foi possível verificar que as civilizações cultivavam batata doce, abóbora e mandioca. Por meio da queima de porções da área da plantação e adição de estrume, os indígenas conseguiam melhorar a fertilidade do solo e aumentar a produtividade — o solo da floresta é considerado pobre na oferta de nutrientes.

Além disso, ao contrário dos atuais fazendeiros que ocupam a região, os povos originários não realizavam a queima sistemática de novas áreas, aproveitando a reutilização do solo para novos cultivos. De acordo com Yoshi Maezumi, da Universidade de Exeter, essa prática seria uma maneira mais sustentável de se realizar a agricultura. Graças ao cultivo desses alimentos, os pesquisadores notaram que as regiões onde os indígenas viviam eram mais ricas em espécies de vegetais comestíveis.


Em 2016, pesquisas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia afirmavam que os povos indígenas na Amazônia contavam com uma população mínima de 8 milhões de pessoas em 1492, ano em que Cristovão Colombo chegou na América. Essas áreas seriam densamente ocupados e revelariam civilizações com alta complexidade de interações.

De acordo com os estudos, mais de 150 mil quilômetros quadrados da floresta (cerca de 3,2% de sua área total) contariam com algum tipo de impacto humano — em projeções consideradas improváveis, há a estimativa que 50 milhões de pessoas ocuparam a Amazônia no período anterior à chegada dos europeus.

Galileu

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