
Que na eleição de outubro os jovens utilizem seu voto para escolher o seu amanhã melhor – com emprego, educação, diversão, arte e muito amor
Por Carina Vitral
Neste mês de agosto, há duas datas importantes alusivas à juventude: o Dia do Estudante (11) e o Dia Internacional da Juventude (12), cujo tema definido pela ONU para 2018 é “Safe Spaces for Youth” (Espaços Seguros para os Jovens). Deveriam ser datas para comemoração, mas a situação do Brasil obriga os jovens a lutar, em vez de celebrar – pelo menos por enquanto.
Um dos motivos de desalento nesses tempos temerosos é o desemprego. Os índices variam conforme o tipo de amostragem e os critérios utilizados. A taxa oficial do IBGE é de 12,7% da população economicamente ativa, ou mais de 13 milhões de pessoas sem trabalho, e esse percentual é maior entre mulheres, jovens, negros e pessoas com baixa escolaridade.
Entretanto, esse número chega a 28 milhões quando se soma à força de trabalho subutilizada – formada por desempregados, pessoas subocupadas (que gostariam de trabalhar mais do que a jornada que exercem) e a força de trabalho potencial (pessoas que desistiram de procurar emprego, mães que deixam o emprego para cuidar dos filhos e outros casos de pessoas que poderiam trabalhar, mas estão fora do mercado).
O desemprego de “longa duração” – quando a pessoa fica desempregada por mais de um ano – afeta 5 milhões de cidadãos no país, sendo 54,1% na faixa de 14 a 29 anos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios contínua do quarto trimestre de 2017, e a taxa é 130% maior que no mesmo período de 2014.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o desemprego aflige 30% dos jovens brasileiros de 15 a 24 anos, a maior taxa desde 1991 e o dobro da média mundial (13,1%). Entre as mais de 190 economias avaliadas pela OIT, somente 36 têm situação pior que a do Brasil para os jovens. Uma vergonha para o país, que, além de não garantir educação pública de qualidade a todas as crianças e jovens, comete o desplante de não assegurar colocação no mercado de trabalho a todos aqueles que conseguem se formar na universidade ou em cursos profissionalizantes.
Qual estímulo tem um jovem para passar anos numa faculdade ou escola técnica sabendo que, ao obter o diploma, seu destino pode ser o desemprego ou, na melhor das hipóteses, o subemprego? Estudar para que? É uma pergunta cabível.
Mais que uma vergonha para o país, o desemprego é desumanidade ao extremo. Adoece as pessoas, desintegra famílias, abala amizades, reduz a esperança. Como sobrevivem as pessoas sem emprego? Como pagam as contas? Como se deslocam para procurar trabalho ou para ir à aula? Como visitam familiares? Como vão ao rolê ou à balada? Será que estão condenadas a serem meros números numa planilha de excell? É esse o futuro que o Brasil oferece aos seus cidadãos e, particularmente, aos jovens? Não pode ser! A juventude recusa-se a aceitar esse destino.
Será que o tema da ONU faz sentido para o jovem brasileiro nos dias de hoje? Qual seu espaço seguro num país que não garante trabalho, um dos direitos elementares da cidadania? Que espaço seguro há num sistema político-econômico que lhe impõe uma competição destrutiva com seu colega de classe por uma vaga na profissão?
Falta solidariedade, generosidade, humanidade aos governantes deste Brasil atual. Se depender deles, o futuro não virá. Como diz o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica: “A luta é o caminho eterno da vida”. É nisso que a juventude precisa se espelhar, para resgatar a esperança, a alegria, a autoestima. Que na eleição de outubro os jovens utilizem seu voto para escolher o seu amanhã melhor – com emprego, educação, diversão, arte e muito amor.
Revista Fórum
Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;