A fazenda Canuanã, no Tocantins, abriga centenas de alunos vindos de áreas remotas do País
MORADIA DAS CRIANÇAS, NO TOCANTINS, TEM ARQUITETURA RECONHECIDA POR PREMIAÇÃO INTERNACIONAL. (FOTO: CRISTOBAL PALMA / ESTUDIO PALMA)
E o grande vencedor deste ano é uma escola na fazenda Canuanã, no Tocantins, projetada pelos escritórios de arquitetura brasileiros Aleph Zero e Rosenbaum. "A Moradia das Crianças oferece um ambiente excepcional projetado para melhorar a vida e o bem-estar das crianças da escola", disse o presidente do RIBA, Ben Derbyshire. "Isso ilustra o valor imensurável de um bom design educacional".
O local oferece alojamento para 540 crianças entre os 13 e os 18 anos que frequentam a Escola de Canuanã. Os alunos vêm de áreas remotas do país, alguns viajando muitas horas de barco. Financiado pela Fundação Bradesco, a Moradia das Crianças é uma das quarenta escolas administradas pela fundação que oferece educação para crianças em comunidades rurais em todo o Brasil.

Para os arquitetos Gustavo Utrabo e Petro Duschenes de Aleph Zero e Marcelo Rosenbaum e Adriana Benguela de Rosenbaum, o projeto mostra como a arquitetura pode ser uma ferramenta de transformação social. Trabalharam de perto com as crianças para identificar suas necessidades e desejos para a escola em busca de criar um ambiente que pudesse ser uma casa longe de casa, onde as crianças pudessem desenvolver um forte senso de individualidade e pertencimento.
"Foi uma alegria ver as crianças construindo o prédio e adaptando o espaço para atender às suas necessidades", disseram Utrabo e Duschenes. "Queríamos ser prescritivos sem ser arrogante, ser solidário sem ser paternalista e estimular o crescimento e o desenvolvimento sem cobri-lo".
Cobrindo uma área de quase 25 mil m², a Moradia das Crianças é organizada em dois complexos idênticos: um para meninas e outro para meninos. As residências estão centradas em torno de três pátios amplos, abertos e bem sombreados ao nível do solo, onde a acomodação do dormitório está localizada. No primeiro andar, há espaços comuns flexíveis que vão desde espaços de leitura e salas de televisão até varandas e redes, onde as crianças podem relaxar e brincar.
“O espaço facilita a interação entre o público e o privado, e a socialização entre o coletivo, a natureza e o indivíduo, reconectando crianças e jovens às suas origens e ao ecossistema circundante”, afirmaram Rosenbaum e Benguela.
O ecossistema em torno do complexo - particularmente o clima tropical, onde as temperaturas chegam a 40ºC no verão - foi um dos principais desafios inteligentemente abordados pelos arquitetos. O grande telhado de copa, cuja estrutura é composta de vigas e colunas de madeira laminada cruzada, fornece sombreamento. O design de dossel suspenso criou um espaço intermediário, entre o interior e o exterior, dando o efeito de uma grande varanda com vista para a paisagem circundante e criando um ambiente confortável sem necessidade de ar condicionado.
Combinando uma estética contemporânea com técnicas tradicionais, a Moradia das Crianças tem sido descrita pelos juízes como “reinventando o vernáculo brasileiro”. O edifício é construído com recursos e técnicas locais. Blocos de terra feitos à mão no local foram usados para construir as paredes e treliças, escolhidos por suas propriedades térmicas, técnicas e estéticas. Além de ser rentável e ambientalmente sustentável, esta abordagem cria um edifício com fortes ligações ao meio envolvente e à comunidade que serve.
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