Tropas de choque usam gás lacrimogênio contra coletes amarelos.Lucas BARIOULET / AFP
Os coletes amarelos começaram a chegar na Champs-Elysées de manhã. A princípio marchavam pacificamente, cantando a Marselhesa (hino nacional francês) ou gritando palavras de ordem contra o presidente Emmanuel Macron.
No final da manhã, os manifestantes começaram a violar as barreiras policiais, a montar barricadas e destruir mesas e cadeiras de cafés e restaurantes da avenida. As tropas de choque responderam com gás lacrimogênio e jatos d’água.
O ministro do Interior declarou que o movimento estava perdendo o fôlego. De 23 mil manifestantes em todo o país, as estimativas do governo eram de que oito mil estavam em Paris, dos quais, cinco mil na Champs-Elysées.
Christophe Castaner responsabilizou “a mobilização da ultradireita” inflitrados pelos tumultos na rua mais célebre da capital francesa.
"Respondendo a apelo de Marine Le Pen, constatamos que a ultradireita se mobilizou, tentando colocar barricadas na avenida", declarou o ministro. "As forças de segurança tinham atencipado essa situação. E pouco a pouco, os obstáculos são retirados e os policiais avançam, com meios de intervenção que permitem evitar feridos, como jatos d'água e bombas de gás lacrimogênio para afastar os agressores", acrescentou.
A líder do partido União Nacional não demorou para tuitar uma resposta. “Perguntei ao governo por que não autorizava os coletes amarelos a manifestar na Champs-Elysées. Hoje, Castaner usa a pergunta para me atacar. É de má fé e desonesto, e corresponde à imagem do autor dessa manipulação política”. Ela declarou ainda que não fez qualquer apelo à violência e que estava sendo usada como bode expiatório.
As autoridades queriam restringir a manifestação ao Campo de Marte, ao pé da Torre Eiffel, para melhor controlar a segurança. A área, sem comércio ao redor, é endereço privilegiado para manifestações de grande público, como concertos da festa nacional do 14 de julho e partidas ao vivo da Copa do Mundo. Mas os coletes amarelos, através de inúmeras convocações nas redes sociais, prometeram chegar a locais vitais da capital, como a avenida Champs-Elysées.
Franceses divididos
Apolítico e sem conexão sindical, os coletes amarelos têm apoio de grande parte dos franceses. Segundo uma pesquisa do instituto BVA, 72% da população aprovam as reivindicações do movimento, que teve início há oito dias em protesto à alta do imposto verde que fez subir o preço dos combustíveis. Mas o modo de ação divide os franceses (52% contra e 46%, a favor).
Os coletes amarelos representam um verdadeiro desafio para Macron que, no momento, não parece disposto a mudar o ritmo de suas reformas para "transformar" a França ou a abrir mão do aumento do preço dos combustíveis, tudo isso para "manter o rumo a favor da transição ecológica".
De acordo com a imprensa, no entanto, Macron pode anunciar na terça-feira novas medidas destinadas às famílias carentes para evitar o risco de uma fratura social.
RFI

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