"Contamos com a solidariedade para que as famílias possam continuar produzindo em paz", diz João Pedro Stédile. Área tem colheita de 510 toneladas de café por ano e 1.200 hectares de lavoura de milho
por Redação RBA
Vizinhos fizeram um abaixo-assinado pela existência do Quilombo
REPRODUÇÃO/MST
O local era uma usina de cana-de-açúcar que faliu, deixando uma dívida muito superior ao valor do terreno. A arbitrariedade da decisão está sendo questionada até mesmo pelo Ministério Público de Minas Gerais. “A área é de uma usina que deve mais de R$ 300 milhões para os cofres públicos. Ela vale uns R$ 90 milhões. A maioria das famílias que ocuparam o local são, inclusive, ex-trabalhadores da usina”, afirma o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile.
O MST mobilizou advogados para tentar garantir a continuidade da produção que movimenta a economia local e existe um abaixo-assinado de comerciantes da região pedindo que as famílias permaneçam ali. “Um juiz da vara agrária que mora em Belo Horizonte, a mando de não sei quem, resolve dar uma ação de despejo. Isso é um absurdo, uma vergonha”, continua Stédile. Na decisão, o juiz Walter Zwicker Esbaille autoriza o uso da força para a desocupação, com a presença de tropas de choque.
“As famílias têm casas, luz elétrica e escola. Não podem aceitar isso. Nossa causa é justa. Tem que ter alguma coisa por trás, não pode ser só esse clima de conservadorismo que leva um juiz a decretar o despejo dessas famílias que estão lá há mais de 20 anos”, completa.
Em nota, o MST argumenta que, se o motivo for apenas a criminalização da luta por terra no país, fruto de um movimento de extrema-direita que levou à presidência Jair Bolsonaro (PSL), haverá resistência. “É sabido que a veia fascista do projeto eleito ao governo do Brasil vai intensificar o uso da máquina do Estado para criminalizar e segregar o povo sem-terra, assim como fará nas comunidades urbanas. Mas o povo brasileiro é corajoso e forte. O MST enfrentou a ditadura militar desde o nascimento. É com essa história e essa coragem que as famílias do Quilombo Campo Grande irão resistir.”
Por fim, Stédile manda um recado para as famílias e para a sociedade. “Vamos tomar as medidas cabíveis na Justiça, no Tribunal. Vamos denunciar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Estamos apelando. Nos ajude a impedir isso, que poderá ser uma tragédia (…) Contamos com a solidariedade para que as famílias possam continuar produzindo em paz. Não percam a esperança, não desanimem e não tenham medo. A Justiça verdadeira está do nosso lado.”
Rede Brasil Atual

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