Manifestation à Budapest contre le gouvernement Orban, le 16 décembre 2018.REUTERS/Bernadett Szabo
Mais de 15 mil húngaros manifestaram no domingo (16) em Budapeste contra uma nova lei trabalhista e contra o governo do primeiro-ministro nacionalista, Viktor Orban, considerado cada vez mais como “autoritário”. Essa é a quarta mobilização na mesma semana. A RFI conversou com os manifestantes para entender os motivos e o contexto por trás dos protestos.
Da correspondente da RFI em Budapeste, Florence Labruyère
A mobilização mais recente foi organizada pela oposição de esquerda, grupos estudantis e diversos cidadãos. Os protestos continuaram durante toda a noite. Vários manifestantes marcharam até a sede da televisão pública e foram dispersados com bombas de gás lacrimogêneo pela polícia.
Dois deputados da oposição, Akos Hadhazy e Bernadett Széll, invadiram o prédio do órgão do audiovisual húngaro, que eles acusam de ter se tornado uma “máquina de propaganda governamental”. Eles tentaram ler, ao vivo, uma petição pedindo o fim da nova lei trabalhista e a “independência dos jornais públicos”. Os dois foram expulsos pela manhã.
“Os fins de semana são para a família. Essa lei quer nos obrigar a trabalhar mais horas e nós já trabalhamos demais. Eles não param de aprovar leis estúpidas”, explicou Laszlo, de 18 anos. O jovem, vestido com um visual punk, veio de uma cidade pequena para protestar contra a chamada “lei sobre o tempo de trabalho”. A nova legislação dá aos empregadores a possibilidade de pedir até 400 horas extras por ano dos trabalhadores.
Além disso, as empresas terão um espaço de três anos para pagar as horas extras aos funcionários. A legislação também vai impor outras medidas impopulares, como o fim do ticket alimentação subsidiado pelo Estado. O líder sindicalista, Tamal Székel, foi aplaudido ao gritar: “Vamos fazer greve”.
Nova geração de manifestantes
A corrupção é outra palavra que não sai da boca dos manifestantes, como é o caso de Emma Bugram, de 68 anos. “Recebemos muito dinheiro da União Europeia. Mas Orban e seu clã roubam um terço dele. Não aguentamos mais. Sem falar do fato de que eles adulteram os resultados de todas as eleições”, lamenta.
A húngara Anita Homoki, que manifestou no domingo, afirmou lutar contra o autoritarismo de Orban. “Eu protesto contra tudo o que esse regime faz há oito anos. É pior que o comunismo: a corrupção chegou a níveis gigantescos, não é mais uma democracia, e sim um regime autoritário. Estamos indo em direção a uma época sombria”, disse.
“Mas há uma nova geração: os jovens são mais abertos, mais europeus, eles vão derrubar o regime autoritário de Orban”, continuou Anita Homoki. “Meus filhos pertencem a esse grupo. Eu os criei para que eles sejam cosmopolitas, que falem várias línguas, que saibam a diferença entre um migrante e um refugiado de um país em guerra. Continuamos a protestar, mas vai levar tempo, talvez anos.”
Uma nova manifestação está prevista para essa segunda-feira (17) às 18h (horário local) em Budapeste.
RFI

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