A cada dia que passa fica mais claro que o impeachment de Dilma foi, com todas as relativizações possíveis, 1961. Que a eleição de Bolsonaro foi 1964. E que o projeto dos militares que assumem o poder em 1 de janeiro é o de nos levar em uns dois anos a 1968, criando um novo AI-5.



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Por Renato Rovai

Daqui a alguns dias chegamos em 2019. Parece muito que foi ontem quando conversávamos o que causaria o bug do milênio e dizia-se que muitos computadores iriam apagar por conta da programação da virada do seculo 19 para 20.

Parece que foi ontem, mas já faz 19 anos que o tal bug do milênio “assombrou” a terra.


Mas o que isso tem a ver com o título? Talvez muito pouco. Mas me lembro que no século passado falávamos muito do Brasil do próximo milênio, do cidadão do novo milênio etc. E agora na virada para 2019 estamos revivendo uma história que se passou a 60 anos como farsa.

A cada dia que passa fica mais claro que o impeachment de Dilma foi, com todas as relativizações possíveis, 1961. Que a eleição de Bolsonaro foi 1964. E que o projeto dos militares que assumem o poder em 1 de janeiro é o de nos levar em uns dois anos a 1968, criando um novo AI-5.

A forma como este governo foi loteado aponta claramente para isso.

Moro, por exemplo, ter ficado com a parte do Ministério do Trabalho que é responsável pela fiscalização dos sindicatos e ao mesmo tempo com o Coaf não permite qualquer dúvida do que virá.

A perseguição ao movimento social se iniciará já no primeiro dia do próximo governo. Como a escolha da equipe ultraliberal de Paulo Guedes não dá espaço a análises de que os ataques a direitos dos servidores e dos trabalhadores em geral serão a conta gotas.

Isso tudo vai transformar os protestos na França de Macron em brincadeira de criança. O pau vai comer por aqui. E os militares que são os que darão as cartas podem se utilizar disso para nos presentear com um AI-5 pelas vias legais. Ou seja, ancorado nessa aliança com o Partido da Justiça.

Este jogo não está jogado. Há muitas variantes que podem embaralhar as cartas. Mas trata-se de um cenário provável. E que deveria ser considerado e analisado por aqueles que não estão dispostos a vivê-lo.

Neste momento estamos em 64. Se vamos ter capacidade para sair desta enrascada ou se vamos viver um novo 68 também depende de nós.


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