- A prisão de Michel Temer, Moreira Franco & Cia ocorre uma semana depois que a Força Tarefa da Lava Jato foi obrigada a arquivar o projeto de constituir uma Fundação de direito privado com patrimônio de R$ 2,5 bilhões pagos pela Petrobras como indenização para investidores residentes nos Estados Unidos.
Ao lado de uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, que mandou investigar "notícias fraudulentas, denunciações caluniosas, ameaças e infrações" que podem atingir membros da própria Corte, o desmanche da Fundação produziu a visão de que se abria um novo momento político do país. Personagem número 2 da Lava Jato, o procurador Deltan Dalagnol estava envolvido diretamente no projeto da Fundação -- e afundou com ela, naquela que foi uma primeira derrota política da Lava Jato desde o início da operação, em 2014.
(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)
As prisões de hoje apontam na direção oposta. Marcam uma tentativa da Lava Jato em retomar a ofensiva, recuperar protagonismo político.
Temer não é, sabemos todos, o primeiro ex-presidente a ser colocado atrás das grades mas sua prisão guarda uma característica particular.
Sempre será necessário recordar que a prisão de Lula implicou numa afronta ao trânsito em julgado, previsto na Constituição. Não há dúvida a respeito. Sempre será preciso denunciar essa situação, ainda mais vergonhosa diante da fraqueza absoluta das alegações apontadas contra ele.
Michel Temer foi colocado atrás das grades numa fase anterior do processo judiciário. O juiz Marcelo Bretas decretou sua prisão preventiva -- decisão que antecede a sentença, mesmo em primeira instância.
Pelo sua atuação política recente, como articulador de um golpe que derrubou uma presidente democraticamente eleita, o destino pessoal de Michel Temer não comove o país. A abundância de denuncias e depoimentos contra Temer é inegável.
(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)
A questão não é só essa, porém, como lembrou o ex-deputado Wadih Damous em seu twitter:
"Temer é um canalha. Não merece compaixão. Mas não aplaudo medidas arbitrárias por parte do Estado. Mesmo contra canalhas".
A pergunta é saber como o país e suas instituições irão reagir a essa investida da Lava Jato. Sua finalidade é recuperar um terreno que parecia perdido, retomando um ambiente de ameaça ao Estado Democrático de Direito, seguindo uma trajetória já identificada aqui neste espaço, como uma investigação necessária que se transformou numa operação contra a democracia.
A gaveta de Rodrigo Maia, sujeito identificado de ofensivas explícitas de Sérgio Moro no Ministério da Justiça, guarda vários projetos de grande utilidade para o país debater neste momento.
Falam de um debate urgente, necessário: abuso de autoridade, necessária regulamentação das delações premiadas.
Ações espetaculares, como a prisão de Temer, são uma tradição da Lava Jato. A omissão e o silêncio diante só fortaleceram o Estado de exceção.
Alguma dúvida?
Brasil 247
Ao lado de uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, que mandou investigar "notícias fraudulentas, denunciações caluniosas, ameaças e infrações" que podem atingir membros da própria Corte, o desmanche da Fundação produziu a visão de que se abria um novo momento político do país. Personagem número 2 da Lava Jato, o procurador Deltan Dalagnol estava envolvido diretamente no projeto da Fundação -- e afundou com ela, naquela que foi uma primeira derrota política da Lava Jato desde o início da operação, em 2014.
(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)
As prisões de hoje apontam na direção oposta. Marcam uma tentativa da Lava Jato em retomar a ofensiva, recuperar protagonismo político.
Temer não é, sabemos todos, o primeiro ex-presidente a ser colocado atrás das grades mas sua prisão guarda uma característica particular.
Sempre será necessário recordar que a prisão de Lula implicou numa afronta ao trânsito em julgado, previsto na Constituição. Não há dúvida a respeito. Sempre será preciso denunciar essa situação, ainda mais vergonhosa diante da fraqueza absoluta das alegações apontadas contra ele.
Michel Temer foi colocado atrás das grades numa fase anterior do processo judiciário. O juiz Marcelo Bretas decretou sua prisão preventiva -- decisão que antecede a sentença, mesmo em primeira instância.
Pelo sua atuação política recente, como articulador de um golpe que derrubou uma presidente democraticamente eleita, o destino pessoal de Michel Temer não comove o país. A abundância de denuncias e depoimentos contra Temer é inegável.
(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)
A questão não é só essa, porém, como lembrou o ex-deputado Wadih Damous em seu twitter:
"Temer é um canalha. Não merece compaixão. Mas não aplaudo medidas arbitrárias por parte do Estado. Mesmo contra canalhas".
A pergunta é saber como o país e suas instituições irão reagir a essa investida da Lava Jato. Sua finalidade é recuperar um terreno que parecia perdido, retomando um ambiente de ameaça ao Estado Democrático de Direito, seguindo uma trajetória já identificada aqui neste espaço, como uma investigação necessária que se transformou numa operação contra a democracia.
A gaveta de Rodrigo Maia, sujeito identificado de ofensivas explícitas de Sérgio Moro no Ministério da Justiça, guarda vários projetos de grande utilidade para o país debater neste momento.
Falam de um debate urgente, necessário: abuso de autoridade, necessária regulamentação das delações premiadas.
Ações espetaculares, como a prisão de Temer, são uma tradição da Lava Jato. A omissão e o silêncio diante só fortaleceram o Estado de exceção.
Alguma dúvida?
Brasil 247


Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;