Ainda durante o governo Temer, havia uma compreensão de que o então presidente seria do “trono” para a cadeia. De alguma forma, até foi correto, exceto pelo porém. Por que agora e não ante? Afinal, já se passam mais de três meses do final do governo Temer.

A pergunta é chave para a compreensão do fatos que sucederam a luta pelo poder no Brasil e as facções que estão brigando foi muito bem explicitada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em seu voto na defesa de que os processos de caixa dois de campanha deveriam seguir completos para a justiça eleitoral. Sim, há uma briga pelo poder após a derrota da esquerda.

Após o golpe que tirou o poder se seguimento populares, restou o grande bolo de um país que diziam estar quebrado mas, com caixa “trilionário” em dólar. O controle do país ficou, no primeiro momento, com o que possível. Temer fechou com o grupo aristocrata, na tentativa de se safar, traindo o projeto que o elegeu e deixando que tudo fosse feito como o mercado deseja, mesmo, sem conseguir as maiores vitórias no congresso.

A vitória de Bolsonaro marcou o impensado, o que era considerado loucura, aconteceu, o mercado financeiro conquistou o poder, em conjunto com o exército e um guru decadente autoproclamado filósofo. Bolsonaro é um presidente fraco e politicamente débil, surge disso a ascensão das piores forças políticas que possibilitaram a sua vitória, o judiciário da República de Curitiba.

Do ponto de vista de Rodrigo Maia, chegar ao comando da Câmara dos Deputados era imprescindível para tentar uma mínimo de equilíbrio institucional. Para o mercado, Maia apoia todos os absurdos de reformas destrutivas de liberais da economia e do estado brasileiro mas, ele representaria o obstáculo primeiro à construção de um estado policialesco que culparia os políticos por qualquer erro ou percalço no caminho do mercado financeiro, a lei anticorrupção.

No primeiro obstáculo colocado no caminho do leão de chácara da aristocracia, Sérgio Moro buscou a coação pessoal e a resposta à pressão arrogante do Ministro da Justiça teve uma excelente resposta de Rodrigo Maia (leia aqui sobre a espinafrada em Moro). Maia disse, em outras palavras, que Moro é um funcionário do Bolsonaro não eleito e terminou perguntando, “quem ele pensa que é?”.

Depois de ganhar o poder, o queijo se tornou pequeno para tanto rato. Maia representa o outro grupo político, o que saiu derrotado nas eleições mas, que ainda assim, tem força parlamentar suficiente para criar sérios problemas ao grupo majoritário do golpe. Outra afirmação perfeita para o momento é de que o golpe é autofágico, uma vez que Maia também reagirá à prisão do padrasto de sua esposa, Moreira Franco.

Agora, a briga guerra interna está escancarada. Moro, como dirigente da Polícia Federal, liberou a ação que prendeu pessoas muito próximas ao presidente da Câmara, no dia seguinte à enquadrada que levou. Quem manda no país? Essa a pergunta que vai movimentar a guerra aberta entre grupos de um mesmo golpe que estão em processo de autofagia. À esquerda, resta observar pacientemente como se destroem, servindo apenas de massa de manobra, quando e para onde a manobra política interessar.


A Postagem

Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads