Jair Bolsonaro, de presidente a fiscal de carnaval
por Fábio de Oliveira Ribeiro
Além de publicar um vídeo grotesco criticando a promiscuidade dos gays durante o carnaval, o presidente Jair Bolsonaro polemizou com a jornalista Monica Waldvogel ao ser criticado.
A competência do presidente da república é definida de maneira expressa pelo art. 84, da CF/88.
Desde que foi eleito, Bolsonaro vem tentando redefinir o papel da presidência. Como não consegue comandar as Forças Armadas, foi proibido de formular a política externa e faz questão de não decidir nada em relação a economia, o novo presidente brasileiro criou para si o poder/dever de “censor supremo”.
A suprema censura, poder extraconstitucional que o presidente fraco criou para dar a impressão de que está governando, explica perfeitamente tanto o Twitter escabroso quanto a disputa entre ele e a jornalista. Confinado numa bolha epistemológica inflada pelos filhos e ministros subservientes, Bolsonaro não aceita ser confrontado em público.
O novo presidente brasileiro parece crer que foi eleito por Deus para fiscalizar cus durante o Carnaval. Poderosos pastores evangélicos interessados em reforçar seu próprio poder temporal certamente irão aplaudi-lo. Eles também odeiam as liberdades civis e querem controlar os corações, mentes e, inclusive, os cus, daqueles que não se submetem à sua pregação.
O Twitter presidencial, que repercutiu negativamente mundo afora e depreciou ainda mais a imagem do Brasil, pode ser interpretado de duas maneiras.
Ao demonstrar publicamente que é incapaz de compreender os limites do poder/dever lhe conferido pelo art. 84, da CF/88, Bolsonaro forneceu mais uma prova de que é mentalmente inapto para exercer o cargo. Sobre esse assunto vide aqui e aqui. Não por acaso a oposição já começa a ventilar a hipótese de Impeachment.
Por outro lado, a atitude canhestra de Jair Bolsonaro pode ter sido calculada para depreciar e esvaziar ainda mais o cargo de Presidente da República. Isso abriria caminho para a aprovação do Parlamentarismo, regime de governo que excluiria definitivamente a população brasileira do exercício poder político. Ao se apresentar como “fiscal de cu carnavalesco” o novo presidente estaria apenas e tão somente tentando prevenir uma nova vitória presidencial do PT capaz de desmantelar as reformas impostas à força após o golpe “com o Supremo com tudo”.
GGN

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