MARCELO CAMARGO/EBC Medidas do governo Bolsonaro fazem "intervenção do Estado nas relações de trabalho altamente prejudicial e muito forte", diz Magri


São Paulo – As mudanças nas regras sobre contribuições sindicais previstas na Medida Provisória (MP) 873, proposta pelo governo de Jair Bolsonaro, soam como um "absurdo" para o diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Caio Magri, por rever uma questão consolidada que contraria, inclusive, a própria defesa da atual gestão em prol da desburocratização estatal.

"Essa é uma intervenção do Estado nas relações de trabalho altamente prejudicial e muito forte, ao contrário do que se imagina, de que seria uma desregulamentação", afirma, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual. Ele analisou também a "reforma" da Previdência e cobrou dos empresários um debate alternativo sobre a proposta e uma agenda voltada ao meio ambiente.

Sobre a MP, que veta descontos na folha de pagamento dos trabalhadores e tem sido questionada pelos sindicatos na Justiça, Magri enfatizou que o objetivo da medida é anular a possibilidade de diálogo entre trabalhadores e empregadores.

Nessa terça-feira (2), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) acenou pela possibilidade de as centrais sindicais apresentarem uma alternativa à medida do governo após pressão das entidades.

A visão dos empresários sobre a "reforma" da Previdência


Durante a entrevista, o diretor-presidente do Ethos, instituto que conta com 600 empresas brasileiras associadas, cobrou ainda das lideranças empresariais um debate público efetivo quanto à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019 que trata da "reforma" da Previdência.

Magri avalia que apesar da emergência do tema, falta à sociedade no geral a percepção sobre os impactos da proposta. "O debate está sendo atropelado por um tempo econômico que não é o tempo necessário para uma discussão profunda", afirma o diretor-presidente, chamando atenção dos empresários para vocalizar um caminho alternativo à PEC proposta por Bolsonaro.

"O que está em discussão é um projeto de desmonte e com pouquíssimas certezas sobre os resultados que isso vai ter do ponto de vista da qualidade de vida e da seguridade social", critica Magri.

Ele alerta que as alterações no sistema previdenciário podem prejudicar ainda mais a população brasileira do que a "reforma" trabalhista implementada pelo governo de Michel Temer. À época, justificou-se a medida com o argumento de que ela criaria mais empregos, o que não aconteceu. Com a economia e o consumo estagnados, a maior parte do setor industrial também não obteve os lucros esperados. Na opinião de Magri, Bolsonaro faz uso semelhante da mesma estratégia para afirmar a necessidade da PEC 6/2019. "Não houve crescimento da economia e esse processo com a Previdência pode se mostrar muito parecido."

Saída pela pauta do meio ambiente


Diante da necessidade de propostas alternativas de desenvolvimento levantadas pelo diretor-presidente, a temática do meio ambiente foi relembrada como um dos pontos centrais para a retomada do crescimento econômico e recuperação da imagem do Brasil no exterior.

Isso porque, de acordo com Magri, o país corre risco de perder referência e protagonismo com uma agenda que descumpra com os preceitos de preservação ambiental, cabendo as lideranças empresariais, progressistas e democráticas de diferentes segmentos da sociedade um diálogo para a construção de um projeto econômico alternativo que dê conta das demandas sociais e ambientais.

"É preciso um projeto para o Brasil que inclua articuladamente uma economia de baixo carbono com inclusão social, redução radical das desigualdades, transparência e integridade, ou a gente não tem saída, vamos realmente regredir nos índices de desenvolvimento humano, Gini e todos os outros", adverte.

Segundo o diretor-presidente, o Instituto Ethos organiza uma Conferência Nacional de Mudanças do Clima para o final do ano. "Um contraponto a essa desorganização do próprio governo federal", explica, em referência à recusa de Bolsonaro, no ano passado, em sediar a Conferência do Clima que conta com diversos países, a COP25.






Rede Brasil Atual

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