Bolsonaro e Mourão no dia da posse. Foto: Marcelo Casal Jr / Agência Brasil
Jornal GGN – “Lamentavelmente, na semana passada, bloquearam meu número de WhatsApp por causa do que aconteceu no Brasil. As pessoas que fizeram campanha para o candidato Bolsonaro usaram meu software, mas nem sequer compraram as licenças, usaram a versão demo [teste]”, disse o engenheiro boliviano Nicolás Hinojosa em um vídeo postado no YouTube. As informações são da Folha de S.Paulo.
Hinojosa afirmou que seu software foi usado por apoiadores de Bolsonaro, durante a corrida eleitoral e que se deu conta desse fato porque seu número foi bloqueado pelo WhatsApp. Ele contou que dentro da versão demonstrativa do aplicativo estava seu número pessoal.
“Por isso, o WhatsApp me identificou como se eu fosse a pessoa responsável por essa onda de spam”, comentou.
“Eu não tenho nada a ver com esses senhores, nunca me contataram. Se usaram meu software, foi sem permissão”, completou.
Nesta terça-feira (18), a Folha divulgou outra matéria, a partir da gravação da fala do empresário espanhol Luis Novoa, dono da Enviawhatsapps, onde ele comentava para um evento de empresários que sua empresa havia sido contratada para fazer disparos em massa de mensagens pró-Bolsonaro nas últimas eleições.
“Eles contratavam o software pelo nosso site, fazíamos a instalação e pronto […] Como eram empresas, achamos normal, temos muitas empresas [que fazem marketing comercial por WhatsApp]”, disse o espanhol.
“Mas aí começaram a cortar nossas linhas, fomos olhar e nos demos conta de que todas essas contratações, 80%, 90%, estavam fazendo campanha política”, completou o empresário. Ele disse que não sabia do uso eleitoral, até o corte das suas linhas e recebimento de uma notificação judicial da empresa de redes sociais de que seu software estava sendo usada para campanhas políticas no Brasil.
O jornal diz que entrou em contato com a campanha de Bolsonaro que negou ter conhecimento sobre as mensagens enviadas em massa por aplicativos.
Segundo a legislação eleitoral, apenas campanhas eleitorais oficializadas podem fazer a contratação de impulsionamento de conteúdo eleitoral nas redes sociais, e usando a base de dados da própria campanha. A contratação de “propaganda terceirizada” e a compra de banco de dados de terceiros é proibida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, a lei proíbe o uso de ferramentas de automatização, como os softwares de disparos em massa.
A Folha também entrevistou Hinojosa. Segundo ele, 360 usuários lançaram mão de seu software “para enviar campanhas para Bolsonaro”.
“Calculo que tenham sido enviadas mensagens de cerca de 30 mil contas [números] de WhatsApp. Todas as mensagens que vi eram campanha para Bolsonaro. Textos e imagens em português”, disse.
“Imagino que outros [candidatos] também devem ter enviado [com o software dele]. Mas o que eu tenho certeza é de que vi [campanha] para o Bolsonaro.”
A empresa WhatsApp também foi procurada pela reportagem e, por e-mail, confirmou que bloqueou as contas em nome de Hinojosa por mau uso.
Vice-procurador-geral eleitoral fez declarações reduzindo impacto das fake news
Em outubro do ano passado, antes do segundo turno das eleições, a Folha revelou que empresários estavam pagando pelo impulsionamento de disparos via WhatsApp contra o PT na campanha eleitoral. Os serviços foram vendidos pelas agências Quickmobile, CrocServices e Yacows.
A denúncia levou a Coligação O Povo Feliz de Novo (PT/PCdoB/PROS), formada pela chapa do petista e então presidenciável, Fernando Haddad, a abrir uma ação no TSE para apurar o caso. Oito meses depois, ninguém ainda foi ouvido no processo.
No dia 16 de outubro de 2018, logo após as reportagens da Folha, o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros fez uma videoconferência entre membros do conselho consultivo de fake news do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e quatro representantes do WhatsApp, que falaram do Vale do Silício, na Califórnia.
Na ocasião, sem apresentar estudos técnicos a respeito do tema, Medeiros disse que o volume de informações mentirosas propagadas nas redes sociais não tinham números tão alarmantes.
“Queria que vocês observassem, se olhassem as redes sociais, que o volume de informações mentirosas não tem esse número alarmante. Nós estávamos preparados, um ano atrás, era um cenário mais grave do que aquele que aconteceu. O nível de desinformação que circulou circula num nível interpessoal e não num nível institucional, com sites falsos, veículos falsos de comunicação. Existe muito rumor, muita intriga, maledicência, sim, mas isso tem acontecido num nível interpessoal”, pontuou.
Se o TSE concluir que houve abuso de poder econômico por parte da campanha de Bolsonaro, a chapa vencedora poderá ser cassada e ser decretada a inelegibilidade do presidente e vice-presidente. A pena está prevista no artigo 22 da Lei Complementar 64/90.
GGN

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