O legado de Moro foi a falência das maiores empresas de engenharia e construção civil do país, ceifando cerca de 350 mil empregos diretos, foi a desfiguração da ordem legal, implosão do sistema político

Por Josias Pires Neto

Foto original: Agência Brasil

Alguém acredita que Moro será obstáculo para o presidente obter a paralisia da PF no caso dos crimes cometidos por membros da sua família? Se o presidente miliciano acatou a opinião de Moro e manteve o diretor-geral da PF significaria que o acordo entre Moro e o atual presidente implicará na submissão da PF aos desígnios do governo? Temos visto ações tomadas por todos os membros da famiglia para obstruir a Justiça, ex-aliados como o Frota chegaram a dar declarações acerca do suposto assassinato do Queiroz, o evaporado, como diz o jornalista Bob Fernandes. Queiroz acabou de aparecer nas páginas da revista Veja talvez numa reportagem com gosto de chantagem típica do chamado jornalismo marrom.

O ministro da Justiça jamais se pronunciou sobre as encrencas da família presidencial; parece estar disposto a engolir todos os sapos enquanto posiciona-se adequadamente para levar adiante os seus próprios projetos. O juiz Moro foi fundamental para a eleição do atual presidente. Com o acerto entre eles estaria pavimentada a estrada para a ascensão tão desejada do atual presidente em direção a um estado policial?

Acossado como está atualmente, tendo a sua reputação despencada, inclusive internacionalmente, com o prestígio caindo em direção a lama, caindo como castelo de cartas, suposta fera ferida, sem dispor de instrumentos políticos e midiáticos para continuar posando de bom moço, nesta hora fatal Moro poderia dar consequência ao estado policial que inaugurou na chamada República de Curitiba? Assim como o presidente, Moro também deseja um estado policial?

O legado de Moro foi a falência das maiores empresas de engenharia e construção civil do país, ceifando cerca de 350 mil empregos diretos, foi a desfiguração da ordem legal, implosão do sistema político, politização abjeta da Justiça que está produzindo aumento das desigualdades sociais, aumento da violência e da morte entre os mais pobres, e agora está garantindo o poder de máfias sobre o Estado brasileiro. O poder estatal está capturado por redes criminosas sediadas, por exemplo, no Rio de Janeiro das milícias, que eram pequenas máfias que hoje começam a adquirir musculatura internacional.

O que estamos vivendo no Brasil, salvo melhor juízo, o que estamos vendo é o Estado – e o governo – agirem como testas de ferro, cabeças de ponte de máfias que estão atuando como aves de rapinas das riquezas brasileiras, dos minérios, do pré-sal, das empresas estatais, engolindo a Petrobras, a Embraer e tantas outras. Assistimos assombrados a um novo saque colonial, como foi o do ouro, intenso e curto. Desta vez mais curto porem igualmente intenso. O saque dos fundos financeiros contra o Brasil se dá em diversas escalas e por inúmeros meios e com apoio de autoridades militares e civis, agentes financeiros, políticos e policiais.

O saque tem a garantia e o suporte do governo. As máfias no poder estão sendo capazes de manipular as vontades das maiorias contra os interesses dessas mesmas maiorias. Permanecerá com este poder por muito tempo? Nas eleições conseguiram fazer isso. Foram capazes de fazer a manipulação eleitoral dado a conjuntura favorável. Hoje parece não ter mais a mesma força do momento eleitoral. Mas ainda tem enorme capacidade de ação. O maior desafio agora é construir a estratégia adequada para minar a força destrutiva em curso, enquanto são lançadas as bases para a reconstrução do país tendo em vista um projeto nacional e popular.


GGN

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