Não, não é que eu sonhei com a mulher do Macron, kkk!


José Roberto Torero*

Puxa, Diário, que pesadelo!

Não, não é que eu sonhei com a mulher do Macron, kkk!

E também não foi com um funcionário fantasma, tipo a Nathália Queiroz ou a Wal do Açaí. Foi um fantasma mesmo.

Já era tarde da noite quando uma fumaça branca em forma de rosto apareceu na minha mente e disse:

  • Olá.
  • Quem é você? – eu perguntei, porque eu não gosto de perder tempo com fantasma desconhecido.
  • Sou seu antigo ídolo. Vim lhe dar os parabéns.
  • Ustra?
  • Melhor ainda – respondeu o fantasma. – Sou aquele que tem muito em comum com você.
  • Gargamel? Valdemort? Coringa?
  • Não. Vou dar umas pistas.
  • Oba! Charada é quase tão bom quanto palavras cruzadas.
  • Eu, assim como você, botava sempre a culpa em alguém.
  • Leão, o goleiro do Palmeiras?
  • Não, Jair. Pensa melhor. Eu, assim como você, falava mais do que devia. Eu, assim como você, me apoiava nos militares. Eu, assim como você, odiava jornalistas. Eu, assim como você, disse que ia combater a corrupção mas, na verdade,…
  • Olha, essa charada está muito difícil. Eu desisto.
  • Caracas, Jair, que decepção! Você disse que eu era uma esperança para a América Latina, disse que eu era ímpar, disse que eu era tão bom quanto o Marechal Castelo Branco e disse até que queria passar uma semana na Venezuela para me conhecer.
  • Chávez?
  • Eu mesmo! Em carne e osso. Quer dizer, em espectro e fumaça.
  • Pô, nem vem! Agora sou seu inimigo.
  • Como assim? Você era meu fã. E está fazendo tudo parecido com o que eu fiz.
  • Não, não! Você era comunista!
  • Mas você disse que não tinha “nada mais próximo do comunismo que o meio militar”.
  • Isso foi antes, pô. Quando eu votava no Lula.
  • Falando em Lula, as almas estão comentando que logo, logo ele sai da cadeia.
  • Não, isso não! Aí ele vai ficar dando entrevista todo dia, falando o que ele faria no meu lugar. Vai ser uma espécie de governo paralelo. Não, isso nããããããão!
No meio do grito eu acordei, Diário. A Michelle perguntou se eu tinha sonhado mais uma vez que era mulher e eu respondi que não, que dessa vez tinha sido pior. Dessa vez meu pesadelo tinha sido com um fantasma que me dava muito medo. E não era o Chávez.

*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

@diariodobolso



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