Fotomontagem HP
Ele afirmou que Queiroz usou sua conta pessoal para passar R$ 1 milhão para conta de Flávio. E que esse dinheiro serviu para Flávio pagar uma dívida de um imóvel junto à Caixa Econômica Federal.
“Vou repetir para vocês: R$ 1 milhão, o Queiroz tinha dado para ele. Quem pagou essa conta para a construtora foi a Caixa Econômica Federal. Documentado. Passa por ele [Queiroz] porque a Caixa comprou a dívida dele. E ele, em vez de dever para a construtora, passa a dever para a Caixa. Isso é uma operação normal”, disse o presidente.
Bolsonaro apresentou essa versão, da suposta dívida imobiliária, esquecendo que Flávio não havia mencionado publicamente nem uma vez sequer que o dinheiro tinha vindo do Queiroz antes de repassá-lo ao banco. Agora, depois dessa “nova explicação” para a movimentação milionária de Queiroz, o senador do PSL vai ter que explicar muito bem os detalhes dessa operação.
Essa versão apresentada por Bolsonaro não é confirmada por ninguém, nem mesmo por Queiroz. Após faltar a quatro depoimentos ao MP, alegando problemas de saúde, Queiroz afirmou, em dezembro, que a “movimentação atípica”, revelada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) teve origem na compra e venda de veículos. Em janeiro, Flávio Bolsonaro também não prestou depoimento, argumentando que iria marcar uma nova data após ter acesso ao caso.
Bolsonaro foi obrigado a falar sobre Queiroz por causa da localização de Queiroz pela revista Veja, depois dele permanecer desaparecido desde o início do ano. A entrevista de Bolsonaro foi durante agenda em Riacho Fundo, na região administrativa do Distrito Federal. Ele disse que não tem nenhum contato com o ex-motorista do filho.
“Pelo que eu sei, ele já prestou depoimento por escrito. E, pelo que eu fiquei sabendo também, exime o meu filho de culpa. Ele responde pelos atos dele”, disse Bolsonaro. “Quem responde por ele é ele, não sou eu. No restante, se funcionária botava dinheiro na conta de outro, é problema dele, pô. Ele que responda. Eu nunca tive problema com o Queiroz”, prosseguiu o presidente.
No fim de 2018, o Coaf apontou “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão, em 2016 e 2017, nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio. Um estudo mais amplo mostrou que Queiroz movimentou R$ 7 milhões entre 2014 e 2017. Oito assessores do ex-deputado estadual transferiram recursos a Queiroz em datas próximas ao pagamento de servidores da Alerj. Segundo o Coaf, Flávio Bolsonaro recebeu 48 depósitos no valor de R$ 2 mil. Sobre esse recebimentos, Jair Bolsonaro justificou dizendo que era o limite do envelopes de depósitos.
Em março, Queiroz admitiu, em depoimento, que os valores recebidos por servidores do gabinete eram usados para “multiplicar a base eleitoral” de Flávio. Funcionários afirmram que repassavam parte do salário para Queiroz. Essa atividade é ilegal e proibida pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O MP também não encontrou evidências de que o fluxo bancário de Queiroz teve origem no comércio de carros, como ele disse. As suspeitas são de que o gabinete foi usado por organização criminosa para lavagem de dinheiro.
Mesmo após os esclarecimentos de Queiroz, o MP-RJ entrou com um pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário de Flávio, Queiroz e outros envolvidos na investigação. O argumento era de que existem indícios de organização criminosa no gabinete do filho do presidente. A Justiça do Rio autorizou em abril o procedimento requisitado pela investigação, que está suspensa desde julho por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli.
Hora do Povo
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