Ato é novo reflexo da crise econômica que atinge a Argentina desde que o presidente Mauricio Macri assumiu


Brasil de Fato | São Paulo (SP)

O maior ato se concentrou na cidade de Buenos Aires a partir das dez da manhã / Foto: Reprodução


Milhares de argentinos foram às ruas nesta quarta-feira (28) na jornada de manifestações que está sendo chamada de “Urgencia para enfrentar el hambre" (Urgência para enfrentar a fome). Os manifestantes reivindicam, entre outras coisas, o aumento do salário social complementar – programa equivalente ao Bolsa Família –, e que o governo reforce os centros que distribuem alimentação para pessoas em situação de vulnerabilidade.

O maior ato se concentrou pela manhã na cidade de Buenos Aires, na avenida 9 de Julho, uma das principais da capital argentina.

O protesto foi convocado pela Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP), a organização Barrios de Pie [Bairros de Pé], Corrente Classista e Combativa, Frente Popular Darío Santillán e Frente de Organização em Luta.

“Em todo o país, estamos demonstrando que a fome a falta de trabalho são visíveis. Precisamos da declaração de emergência alimentar; precisamos que essa crise não se agrave porque os danos sociais são muito profundos e a única maneira de impedir isso é uma política concreta para gerar trabalho e garantir o acesso a alimentos básicos”, afirmou o dirigente do Movimento Evita, Gildo Onorato, ao jornal argentino Página/12.

Além da aprovação da lei de Emergência Alimentar, e o aumento do salário social, os manifestantes pedem que seja concedida uma bonificação no valor de 2.000 pesos argentinos (o equivalente a R$ 143,47 na cotação de hoje) a integrantes de cooperativas de trabalho.


Registro da concentração prévia à marcha na capital argentina

FMI e eleições


O ato é um novo reflexo da crise econômica que atingiu a Argentina em cheio desde que o presidente Mauricio Macri assumiu o poder. A situação do país, que sofre com um enorme aumento da inflação e desvalorização de sua moeda frente ao dólar, fez com que a administração de Macri recorresse a um empréstimo de US$ 56 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2018.

O país aplicou uma série de medidas para tentar frear a escalada inflacionária – que fechou 2018 em 47,6%, a maior dos últimos 27 anos. Além disso, a crise econômica fez crescer a desconfiança internacional em relação à Argentina, fazendo com que o risco-país (ágio que os investidores cobram para emprestar dinheiro) superasse os mil pontos, tornando-se, de longe, o mais elevado da América Latina.

Nesta quarta-feira a moeda argentina voltou a se desvalorizar, ultrapassando os 57 pesos por cada dólar. A bolsa também recuou 4,74%. A depreciação ocorreu após a missão do FMI chegar à Argentina para novas negociações antes de autorizar a próxima parcela do empréstimo.

Por conta da crise econômica, o FMI está repensando se continuará liberando recursos para a Argentina. A visita representa um novo golpe contra Macri, que foi trucidado no início do mês nas eleições primárias.

A chapa do atual mandatário ficou com 32,33% dos votos, enquanto a aliança entre Alberto Fernández e Cristina Kirchner obteve 47,35%. O resultado sugere que caso Macri queira reverter esse quadro até as eleições presidenciais de outubro, terá um difícil caminho pela frente, agora agravado pela intensificação da crise e pelas novas jornadas de manifestações.

Nesta terça-feira (27), o acordo feito por Macri com o FMI foi duramente criticado por Alberto Fernández, que considerou que o empréstimo fracassou em atingir os seus objetivos.

Edição: Rodrigo Chagas





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