Por Altamiro Borges

O jornalista Ricardo Feltrin, que monitora a evolução da audiência na televisão brasileira, postou duas notas curiosas na semana passada. Na primeira, ele registra que “desde janeiro os bolsonaristas radicais atacam, xingam, sobem hashtags negativas, tripudiam dos erros, desprezam os acertos, perseguem os profissionais da Globo nas redes, mas o público nacional médio da emissora – aparentemente – não está nem aí. Desde que o governo Bolsonaro começou, o ibope da emissora só cresceu”.

Segundo dados da Kantar Ibope Media, obtidos com exclusividade por sua coluna, o Grupo Globo – que apoia a agenda ultraneoliberal do atual governo na economia, mas crítica sua pauta conservadora nos costumes e teme seu autoritarismo na política – segue na liderança nas maiores 15 regiões metropolitanas pesquisadas no PNT (Painel Nacional de TV). “Em janeiro, primeiro mês de Bolsonaro, a Globo registrou média de 14,63 pontos no PNT. No mês passado esse índice já estava em 16,49 pontos, um relevante acréscimo de 12,7%. A Globo também cresceu em participação no universo de TVs ligadas: passou de 33,79% para 35,93%”.

A outra notinha curiosa postada por Ricardo Feltrin é a que mostra que a TV Brasil, que foi transformada em TV Bolsonaro, não desperta a atenção dos telespectadores com o seu jornalismo chapa-branca e mentiroso. “Além de não cumprir a promessa eleitoral de acabar com a TV Brasil, criada pelo governo Lula, o governo Jair Bolsonaro também fez a emissora regredir um ano em seu índice de audiência. Desde janeiro o ibope da emissora pública caiu quase 25% na média mensal nas 15 maiores regiões metropolitanas do país. A TV Brasil fechou agosto com 0,32 ponto no PNT, contra 0,41 em janeiro”.

“Esse 0,32 ponto é aproximadamente o mesmo que a emissora registrava um ano atrás, ainda no governo Temer. É um índice que já se aproxima do chamado ‘traço’. Ou seja, alcance irrelevante. A tal ‘reformulação’ que o governo promoveu em março na TV Brasil mostrou-se, em números, comprovadamente desastrosa”. Assim como é desastrosa, mentirosa e tosca toda a comunicação do laranjal bolsonariano.

Record ruma para o inferno


Não é só a TV Brasil, com o seu governismo babaca, que está em crise. Segundo Mauricio Stycer, em matéria publicada na Folha na sexta-feira (20), o jornalismo chapa-branca da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), do “pastor” Edir Macedo, também ruma para o inferno. “Depois de um primeiro quadrimestre razoável, com médias entre 8 e 9 pontos, o ‘Jornal da Record’ começou a perder audiência em maio e não parou mais de cair. Nem mesmo a profunda reforma realizada neste início de setembro conteve a fuga de público”.

“Dados do Kantar Ibope referentes a São Paulo mostram que o principal telejornal da Record teve um início de ano razoável com médias de 8,3 e 8,7 pontos em janeiro e fevereiro, alcançou o seu pico em março, com 9,2 e retornou para 8,1 em abril. A partir daí começa uma queda que chama a atenção. Em maio e junho, a média do telejornal foi de 7 pontos, em julho caiu para 6,6 e em agosto despencou para 5,6. Fato raro, nas duas últimas semanas de agosto o JR não aparece nem entre os dez programas mais assistidos da emissora”.

Como aponta o especialista em mídia, a Record até estreou um projeto multiplataforma e um cenário novo, mas as mudanças milionárias não reverteram a queda de audiência. “Entre março (média de 9,2) e setembro, o JR perdeu 41% em audiência, uma queda muito significativa”. Mauricio Stycer aponta várias razões para a queda – como a baixa audiência da nova novela da emissora – e relativiza o peso da linha editorial governista. Mas parece evidente que credibilidade do jornalismo da emissora caminha rapidamente para o inferno – com todo o respeito aos "bispos" e mercadores da Iurd.





Altamiro Borges

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