Defesa da indústria, do patrimônio e da soberania nacional reúne lideranças políticas, econômicas e sociais na Alesp
Juca GuimarãesBrasil de Fato | São Paulo (SP)
Governo usa manobras do desmonte para acabar com as riquezas do país, disse a senadora Zenaide Maia / Juca Guimarães/BdF
A defesa do patrimônio nacional e o fortalecimento dos meios de produção e da economia brasileira foram os pontos principais dos discursos durante o lançamento da “Frente Nacional contra a Privatização”, na manhã desta quinta-feira (19) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que contou com parlamentares, economistas, professores e líderes de movimentos sociais.
A presidente da Frente, senadora Zenaide Maia (Pros/RN), destacou a importância da soberania nacional e as contradições do governo do Bolsonaro (PSL), eleito em 2018 com um discurso nacionalista.
“A gente precisa dar visibilidade para essas ações do governo que estão acabando com as nossas indústrias. Ele coloca em risco a soberania. É uma série de medidas que começaram no governo Temer e agora se intensificaram. Elas acabam com a nossa indústria, abrem mão de tecnologias avançadas desenvolvidas na Petrobras, na Embraer, entre outras”, disse a senadora.
Zenaide criticou o processo de sucateamento das estatais, que leva à privatização. “Perdemos mais de 40 anos de pesquisa. Foi só achar o pré-sal que já vai para a privatização. O Brasil se submete a vender petróleo barato para comprar gasolina cara”, disse.
Na abertura do evento, a senadora também citou os exemplos da Embraer, uma das líderes do setor de jatos de médio porte que foi vendida para a americana Boeing por um valor bem menor que o avaliado; e da Eletrobras, que tem a base da sua produção nas hidrelétricas, o que seria abrir mão da soberania sobre as águas brasileiras.
A lista de empresas estatais ameaçadas de privatização tem quase 20 nomes. “O Estado está tirando empregos públicos e privados, vendendo o patrimônio do país, para gerar emprego e renda lá fora”, disse.
A Frente Nacional contra a Privatização conta com representantes de vários partidos progressistas. O deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), secretário-geral da Frente, lembrou também das ameaças de privatização no estado de São Paulo sob a gestão do governador João Doria (PSDB) e do prefeito Bruno Covas (PSDB).
“É o descompromisso total com a nossa história, com a história do nosso povo, com a nossa memória, com as nossas realizações e conquistas culturais”, disse.
O governo do Estado quer privatizar o Ceagesp e a prefeitura quer a privatização até do estádio do Pacaembu.
O ex-ministro e professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Luiz Carlos Bresser Pereira explicou que a onda de privatizações é um risco grande para o futuro do país.
“A nação está sendo violentamente atacada. O Brasil não cresce há 40 anos. Cresceu um pouco no governo Lula e depois voltou a não crescer. O Brasil crescia a uma taxa de 4,5% ao ano per capita entre 1950 e 1980. Desde de 1980, está crescendo 0,8%. O Brasil está ficando para trás,não apenas da China, isso é óbvio, mas para trás dos países em desenvolvimento que crescem 3% ao ano. E para trás dos países ricos, que nós devíamos estar alcançando. Eles cresceram 1,7% ao ano”, disse o economista.
O presidente de honra da Frente, o ex-senador Roberto Requião, aprofundou as críticas ao governo Bolsonaro fazendo uma ligação entre o enfraquecimento da economia e a precarização da força do trabalho após a reforma trabalhista. Segundo ele, trata-se de um desdobramento do projeto neoliberal chamado "Ponte para o Futuro", que visa favorecer o capital estrangeiro.
“O governo tem um presidente que não é presidente. Qualquer pessoa minimamente lúcida percebe que ele diverte com as suas bobagens a opinião pública do Brasil e do mundo, e quem governa é o Guedes, com o apoio do Centrão e Rodrigo Maia“, disse Requião.
Edição: João Paulo Soares
Brasil de Fato

Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;