Jair Bolsonaro, no Twitter, acusa a Folha de S. Paulo de “descer às profundezas do esgoto“, por revelar que, na investigação do laranjal de verbas eleitorais de seu Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, um assessor disse – e negou depois – que parte do dinheiro pagou despesas da campanha presidencial e que há, no inquérito, uma planilha que apontaria parte destes gastos irregulares.

As intenções do presidente podem ter sido as piores, mas a imagem que usou não poderia ser mais adequada.

Há, de fato, uma rede de subterrâneos sob Bolsonaro que, embora não esteja revelada em sua plenitude, exala odores inconfundíveis, pelas ligações que possui com o submundo miliciano, violento e corrupto.

Ligações que, volta e meia, transbordam, como no caso Flávio Bolsonaro-Fabrício Queiroz.

A ação presidencial tem sido a de providenciar tampas de bueiros bem pesadas para fechar a entrada destes túneis, ainda que isso custe contradizer a “onda” moralista que ele quer (ou queria) encarnar.

Por ela, domou as pretensões de Sérgio Moro e o transformou – correndo riscos até por seu dever funcional de zelar por sigilo de inquéritos – num pesado disco de ferro sobre a Polícia Federal.

Por ela, empurrou o presidente do Supremo Tribunal Federal a uma decisão que, embora correta, de nada valia para outros, mas passou a valer para do “Filho 01”: suspender os inquéritos originados por detecções, no Coaf, de movimentações comprometedoras de recursos nas “rachadinhas”, até mesmo com um cheque destinado a sua própria mulher, Michelle.

Sabe-se que o poder presidencial, somado à desqualificação dos integrantes do Legislativo e do Judiciário, pode, por um tempo impreciso, obstruir os miasmas que rescendem destes esgotos bolsonarianos.

Mas isso tem um limite e que o risco, pelo potencial inflamável do metano que está sendo tamponado, pode acabar tendo efeitos explosivos.

E arremessar longe as tampas de bueiro que são, hoje, as instituições da República.


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