Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista recente aos jornais El País e Folha de S.Paulo, na sede da PF em Curitiba..Captura de tela/Youtube
A prefeitura de Paris concedeu nesta quinta-feira (3) o título de "cidadão honorário" ao ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril de 2018 na superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba. A menção honrosa, aprovada nesta tarde pelos membros do Conselho de Paris – órgão equivalente à Câmara de Vereadores – é atribuída pelo compromisso do ex-presidente com a redução das "desigualdades sociais e econômicas" no Brasil.
Esse compromisso "permitiu que quase 30 milhões de brasileiros saíssem da extrema pobreza e acessassem direitos e serviços essenciais", afirmou a prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, em comunicado.
"Lula se destacou por uma política proativa de combate às discriminações raciais, especialmente marcadas no Brasil", acrescenta a prefeita. Ela também lembrou que muitos defensores da democracia são atacados no país.
Mandela também recebeu o título
A condecoração é considerada muito importante e um símbolo forte para a democracia. Ela foi atribuída apenas 17 vezes desde que foi criada, em 2001, para homenagear personalidades presas ou em perigo por causa de suas opiniões políticas. Antes de Lula, o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, a escritora bengalesa Taslima Nasreen, defensora dos direitos das mulheres, e a advogada iraniana Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz em 2003, foram congratulados.
O ex-presidente, de 73 anos, que governou o Brasil de 2003 a 2010, cumpre oito anos e dez meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá. Ele foi condenado em primeira instância pelo então juiz Sérgio Moro, em 2017, e teve a pena ampliada para 12 anos pelo Tribunal Federal da 4ª Região, em janeiro de 2018. Posteriormente, o Superior Tribunal de Justiça redefiniu a pena.
A nota oficial da prefeitura de Paris recorda que o líder de esquerda foi condenado quando pretendia disputar novamente a presidência. "Ele sempre afirmou ser vítima de uma conspiração política para impedi-lo de voltar ao poder enquanto era o favorito da eleição presidencial de outubro de 2018, que viu a vitória do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro", recorda o texto.
"O Comitê dos Direitos Humanos da ONU pediu às autoridades brasileiras que assegurassem os direitos civis e políticos de Lula, principalmente o de ser candidato. Mas ele teve esse direito negado, apesar de chefes de Estado europeus, de parlamentares franceses e de juristas internacionais denunciarem a inconsistência das provas apresentadas pela acusação", destaca a nota.
Na sequência, o texto ressalta que o site de informação The Intercept revelou que o juiz [Sérgio Moro], autor da condenação [contra Lula], organizou com os procuradores anticorrupção da Lava Jato uma forma de impedir que o petista concorresse na eleição. "Em julho de 2018, a decisão da Justiça estimando ilegal a prisão do ex-presidente, e que solicitou sua liberação imediata, foi revogada sob ordens do juiz", recorda o comunicado municipal.
O ex-presidente Lula sempre alegou inocência.
RFI

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