A promessa de recuperação econômica do governo Chicago Boy não engana mais o povo brasileiro
(Foto: Ilustração Sputnik)
Nunca antes na história deste país, houve tanta fuga de dólares como agora! Em outubro, o fluxo da moeda americana ficou negativo em US$ 8,49 bilhões, elevando o déficit no ano a US$ 21,46 bilhões. Já é maior que os US$ 16,18 bilhões registrados em 1999. Maior também do que o de 2008, quando o mundo enfrentou uma crise só comparada à que foi detonada pela crise da bolsa de 1929, mas que o então presidente Lula soube contornar com bom senso e negociação e não com ameaças de AI-5. Agora, a expectativa é que o saldo negativo cresça ainda mais, uma vez que os últimos meses do ano são sazonalmente marcados por uma saída mais intensa de divisas causada pelas remessas de lucros e ajustes de posição de multinacionais.
Embora tenha adotado reformas e medidas requeridas pelo mercado, numa ação que tirou dos pobres para dar aos ricos, e mesmo diante do comportamento bajulador dedicado ao grande capital, a instabilidade do País no plano político, com frequentes ameaças à democracia, tem afastado investidores internacionais.
A frustrada participação de petroleiras internacionais no leilão do Pré-Sal também foi um sintoma e enterrou a última chance de evitar que o fluxo cambial no país encerrasse o ano de 2019 como o pior de todos. Além disso, acionistas que precisam de capital venderam participações em empresas como Petrobras, IRB Brasil Resseguros e Banco do Brasil porque, em boa parte o potencial de crescimento do PIB é baixo e o desemprego permanece alto.
As medidas tomadas em prol do capital terminaram por afugentá-lo, pois ninguém está disposto a investir em um país com alto desemprego, sem mercado consumidor e com baixa produtividade na economia causada pelo intenso processo de substituição do emprego por vagas informais. Sem contar que o governo federal tem usado suas reservas cambiais para equilibrar e controlar a liquidez no mercado de câmbio e evitar a alta do dólar.
Nossa Nação está à mercê de bizarrices comportamentais, fundamentalismo religioso e extremismo político, propensão ao uso da força bruta e até ameaças de morte a opositores. Um ambiente com tais características amedronta espanta progressistas do centro à esquerda e conservadores que não dão intimidades ao fascismo. Basta lembrar o fracasso do mega-leilão do Pré-Sal em que só apareceu a China para comprar e mesmo assim, em consórcio com a Petrobras.
Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia e do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, mais o ministro Ricardo Levandowski criticaram a infeliz declaração em defesa da volta do AI-5 feita pelo ministro da economia, Paulo Guedes. Essa referência a uma monstruosidade da ditadura pairou como uma ameaça, em caso de radicalização dos protestos de rua no País, como os que ocorrem no Chile. É nesse clima, que os dólares continuarão fugindo do País. Mas essa fuga é apenas o sintoma da tragédia maior que vivemos desde janeiro deste ano.
Lute pela democracia!
João Paulo Lima
Economista, foi prefeito do Recife por dois mandatos e superintendente da Sudene no segundo mandato de Dilma. É deputado estadual pelo PC do B de Pernambuco
Brasil 247

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