Eduardo Bolsonaro culpa Leonardo DiCaprio por incêndios na Amazônia e pai segue a mesma linha durante live. Declarações surreais não pararam por aí: presidente ainda se vangloriou pelo aumento do preço da carne no Brasil
Leonardo DiCaprio, o novo alvo da família Bolsonaro
O chefe do Executivo também voltou a criticar ONGs ambientalistas, reforçando uma possível autoria por parte delas nas queimadas. Para basear os comentários, ele citou a prisão preventiva dos quatro brigadistas da organização Brigadas de Alter do Chão do Pará, acusados de serem os responsáveis por queimadas no mês de setembro.
“Primeiro me atacaram na questão de derrubada na Amazônia. Depois vieram as queimadas, me acusaram de ser conivente. Falei que suspeitava de ONG’s, pronto. A imprensa comendo meu fígado pelo Brasil, disseram que era irresponsabilidade… Bem, a casa caiu”, disparou o chefe do Executivo.
E emendou: “Uma ONG contratou 70 mil por uma foto de queimadas. Então o que o pessoal da ONG fez? O que é mais fácil? Tocar fogo, tira foto, filma, a ONG divulga, faz campanha contra o Brasil, entra em contato com Leonardo DiCaprio e ele doa 500 mil dólares para essa ONG. Uma parte foi para o pessoal que estava tacando fogo. Ô Leonardo, você está colaborando com a queimada na amazônia, assim não dá”, disparou Bolsonaro.
Bolsonaro ainda pediu que não sejam feitas doações às organizações. “Não doe dinheiro para ONG, acabe com essa história. Não estão lá para preservar o meio ambiente, estão lá em causa própria. Estava circulando uma foto dos quatro ongueiros parece que é verdadeiro, não tenho certeza. Os caras vivendo em luxúria de fazer inveja para qualquer trilionário e ganhando a vida como? Tacando fogo na Amazônia! Grande jogada. Taca fogo na Amazônia, divulga as imagens e ganha um dinheirinho do Leonardo DiCaprio. Ô DiCaprio pisou na bola, hein? Pelo amor de Deus”, reiterou o presidente.
Mais cedo, o filho nº 02, o deputado federal Eduardo Bolsonaro fez comentários semelhantes. “Leonardo DiCaprio doou USD 300.000 para a ONG que tocou fogo na Amazônia, a ONG @WWF pagou R$ 70.000 pelas fotos da floresta em chamas. Macron e Madonna foram mais espertos, só pegaram na internet umas fotos tiradas décadas atrás de alguma floresta pegando fogo e postaram mesmo”, escreveu Eduardo, citando valores diferentes dos mencionados pelo pai.
A WWF, por sua vez, informa através de nota que a organização “não adquiriu nenhuma foto ou imagem da Brigada, nem recebeu doação do ator Leonardo DiCaprio. Tais informações que estão circulando são inverídicas”.
Brigadistas soltos
Sob gritos de “Amazônia viva”, deixaram a prisão nesta quinta-feira (28) os quatro voluntários da Brigada de Alter do Chão, acusados por Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro de serem financiados por DiCaprio para incendiar a Amazônia. Na verdade, os brigadistas lutam pela preservação da floresta e ajudavam a combater o fogo.Daniel Gutierrez Govino, João Victor Pereira Romano, Gustavo de Almeida Fernandes e Marcelo Aron Cwerner foram presos preventivamente na terça-feira (26), por decisão do juiz Alexandre Rizzi, sob orientação da Polícia Civil. Criticado por diversas organizações e contestado pela defesa dos acusados, Rizzi voltou atrás e determinou a soltura do grupo.
Todos teriam testemunhas para provar os seus paradeiros na hora em que o fogo começou. Um deles estava em um barco que participava da procissão do Sairé (festa típica da região), outro estava num outro barco com turistas em um dos afluente do Tapajós, o terceiro, em um voo comercial vindo de Santarém e o quarto cuidava de um familiar idoso que estava acamado.
A prisão dos quatro brigadistas foi bastante criticada por ONGs ambientalistas e pelo próprio Ministério Público Federal, que pediu acesso ao inquérito e chegou a questionar a competência da Polícia Civil para atuar na questão dos incêndios, que já vinha sendo investigada pela Polícia Federal. Em nota, a Anistia Internacional disse estar preocupada com a transparência das investigações.
A tese equivocada — defendida por Bolsonaro e os filhos — que fez os brigadistas serem presos aponta que eles teriam iniciado um incêndio que os próprios voluntários combateram.
“Ao contrário, a linha das investigações federais, que vem sendo seguida desde 2015, aponta para o assédio de grileiros, ocupação desordenada e para a especulação imobiliária como causas da degradação ambiental em Alter”, diz o Ministério Público, em nota.

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