Doutrinado por Olavo de Carvalho, o chanceler de Bolsonaro não encontrou respostas na entrevista ao Valor Econômico quando as perguntas exigiam uma interpretação um pouco além da culpar o "eixo Havana-Caracas-Foro de São Paulo" por todos os problemas do mundo


Ernesto Araújo e o encarregado brasileiro na embaixada de Washington, Nestor Forster, com Olavo de Carvalho (Reprodução)

A doutrinação olavista do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, parece não encontrar respostas quando as perguntas exigem uma interpretação um pouco além da culpar o “eixo Havana-Caracas-Foro de São Paulo” por todos os problemas do mundo.

Deparado com uma pergunta sobre o “caso” Bolívia, referente ao golpe violento conduzido pela extrema-direita com auxílio do governo Jair Bolsonaro no país andino após culpar a esquerda pelas manifestações no Equador, Chile e Colômbia, o chanceler tergiversou.


“Nada é tão geométrico. O morcego voa, mas não é pássaro. A baleia nada, mas não é peixe”, afirmou ao Valor Econômico, sem explicar a violência da extrema-direita capitaneada pelo líder do Comitê de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, com quem se reuniu em maio deste ano.

Lula livre e Mercosul

Na mesma entrevista, Araújo fez ameaças de que o Brasil pode deixar o Mercosul após a eleição do peronista Alberto Fernandez na Argentina.

Para embasar o que levaria a esse desfecho, Araújo cita tuítes de Paula Español, conselheira econômica do presidente eleito Alberto Fernandez e cotada como futura secretária de Comércio Exterior da Argentina, que critica o “fetiche” pela abertura comercial, lamenta o golpe na Bolívia e comemora “Lula livre”.

“São dois braços do mesmo corpo, que pertencem à mesma cabeça”, diz Araújo sobre a proposta estatizante e protecionista da “dimensão bolivariana do eixo Havana-Caracas-Foro de São Paulo”.

“Uma coisa é política econômica mais fechada ou política externa que rejeite os Estados Unidos. Outra é quando se começa a ver – e todos os sinais vão nessa direção – que se trata de um projeto político regional, hemisférico, continental. É uma realidade, procuramos não esconder a cabeça na areia. As pessoas olhavam muito à altura do chão. Aí viam apenas a Argentina, a Bolívia, a Venezuela. Levantando a cabeça, percebe-se algo mais amplo, programático e ideológico.”

Revista Fórum

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