POR FERNANDO BRITO
A revelação dos diálogos entre os envolvidos no episódios das “rachadinhas” do gabinete de Flávio Bolsonario e, em alguns casos, destes com esquemas milicianos no Rio de Janeiro tem de ser analisada em duas vertentes.
A primeira, a dos fatos que, afinal, não surpreendem e apenas confirmam o o óbvio: Fabrício Queiroz – mas não só ele – atuava na arrecadação de recursos provenientes de boa parte dos vencimentos de assessores nomeados nos gabinetes de Flávio a mando do deputado e a este prestava contas e fazia repasses da arrecadação.
Ainda não está claro como se dava arrecadação idêntica junto a parentes de Jair Bolsonaro, que retiravam, segundo dizem os investigados, cerca de 80% do valor que recebiam em espécie, livre, portanto, de rastreamento. mas aparecem novos elementos na investigação: a possível lavagem de dinheiro na constituição da loja de chocolates montada pelo senador e um sócio e no faturamento de suas operações e o fato de que o norte- americano Glenn Howard Dillard, que comprou e revendeu – com preço menor – dois apartamentos a Flávio e à sua mulher ter recebido, no mesmo dia, mais de R$ 600 mil reais em dinheiro depositados em sua conta bancária, num claro indício de pagamento “por fora”.
Outro aspecto inédito, surgido ontem, é que uma das prestações do imóvel comprado pelo casal , de R$ 16.564,81, foi paga pelo cabo da PM Diego Sodré de Castro Ambrósio, denunciado em 2016 por usar sua empresa de segurança, a Santa Clara Serviços, de vender serviços de milícia em Copacabana, para afastar pedintes e moradores de rua de condomínios que a contratavam.
A segunda vertente é que o assunto voltou a ter impacto na opinião pública, com a exposição do clã em toda a mídia e com que se afigura, agora, com uma sucessão de capítulos de revelações, à medida que as duas dúzias de envolvidos, expostos publicamente, irão depor no processo.
O Jornal da Globo, ontem, pode ser uma amostra do que vem por aí ou, como no caso do porteiro, apenas um espasmo noticioso. A ver.
Ainda não está clara a estratégia de defesa do clã. Neste caso, está evidente, não adianta dizer que é uma armação do governador Wilson Witzel, nem é mais possível alegar que Fabrício Queiroz agia por conta própria.
Pai, 01,02 e 03 estão, até agora, com suas cornetas tuiteiras mudas, o que é a prova mais eloquente do constrangimento em que se encontram.
Talvez porque pressintam que estes fatos araram a terra para que outros sejam plantados e, aí, sobre o caso Marielle Franco.
Hoje, ironicamente, o maior perigo que ronda o ex-capitão são os versículos bíblicos que usa como bordão: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

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