O polêmico vídeo de Roberto Alvim foi visto até por diplomatas incrédulos em Washington.. ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

Texto por:RFI

A exoneração de Roberto Alvim da Secretaria Especial da Cultura, após o vídeo no qual parafraseou o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, continua tendo repercussão internacional. O jornal Le Monde de sábado (18) refere-se a Alvim como um "Goebbolsonarista", e ainda diz que ele não é o único personagem controvertido, para não dizer "iluminado", a ocupar cargos de alto escalão na área da cultura no governo de Jair Bolsonaro.


"Muita gente suspeitava que o governo de extrema-direita brasileiro tinha simpatia pelo 3° Reich e, agora, tiveram a prova", escreve o jornal francês. Le Monde aponta outros colaboradores de Bolsonaro dispostos a criar "uma máquina de guerra cultural", copiada da propaganda nazista, para agradar o chefe.

À frente da Biblioteca Nacional, Rafael Nogueira, "monarquista convicto", é um deles, cita o Le Monde, lembrando que este olavista disse que Caetano Veloso era reponsável pelo analfabetismo no Brasil. "Mais doido ainda: o novo presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), o maestro Dante Mantovani, acredita que "o rock ativa drogas, sexo, aborto e satanismo", relata o respeitado jornal francês. Mantovani também propaga que a Terra é plana.

Segundo o texto do correspondente Bruno Meyerfeld, o vídeo de Alvim não se contenta em tomar emprestado a verve de Joseph Goebbels, mas também copia a aparência física e o tom grandiloquente do nazista, ao pedir o surgimento de "formas estéticas poderosas, favorecidas pelas virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da luta contra o mal" em seu vídeo, agora retirado da internet. "A ópera Lohengrin, de Richard Wagner, apreciada por Adolf Hitler, dissipa as últimas dúvidas sobre as fontes de inspiração do orador", destaca.

Le Monde reporta que o vídeo gerou intensos protestos. O jornal reproduz a nota da Confederação Israelita do Brasil (Conib): "Imitar a visão [de Goebbels] é um sinal assustador [...] Essa pessoa não pode controlar a cultura do nosso país", condenou a entidade. Acrescenta que autoridades religiosas, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e a embaixada de Israel também se manifestaram horrorizadas.

Sem dúvida, Bolsonaro reagiu para não perder o apoio de seu "amigo" Benjamin Netanyahu, avalia o vespertino francês. O chefe de Estado brasileiro afirmou sua "rejeição a ideologias totalitárias e genocidas" e seu "apoio total e irrestrito à comunidade judaica ”.

Mas, para um governo que ainda tem um Rafael Nogueira e um Dante Mantovani à frente de instituições culturais, o risco de novos deslizes não acabou.


Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads