Professor da PUC-SP critica “neoindignados” com atrocidades ditas pelo presidente, que já ultrapassou todos os limites há muito tempo

Por Redação RBA

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"Ela queria dar um furo", disse Bolsonaro, fazendo insinuações sexuais contra jornalista

São Paulo – O jurista Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), classificou a declaração do presidente Jair Bolsonaro contra a jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello como “machista”, “sexista”, “degradante”, que fere o “senso de dignidade” e agride valores fundamentais da democracia. Mas ele também destacou a “seletividade” nas reações da mídia tradicional, já que a mesma indignação não ocorreu quando as agressões de Bolsonaro e de integrantes do governo se dirigiram a outros grupos sociais.

Ele cita declarações do presidente no início do seu mandato rotulando movimentos sociais como terroristas. Lembra também as agressões proferidas contra a advocacia, na figura do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.

“A mídia não se mobilizou quando outros grupos sociais foram ofendidos. Os movimentos sociais são instituições tão relevantes para a democracia quanto o jornalismo, por exemplo. É um momento tão grave, que deve servir para admoestar a própria imprensa, que hoje é vítima, para mostrar que agora é vítima porque não gritou antes. Não gritou quando outras instituições da democracia tão relevantes quanto foram atingidas”, afirmou Serrano em aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (19).

Segundo o jurista, o nível cotidiano de atrocidades proferidas por Bolsonaro, “um ser humano menor, desprovido de valores éticos e morais”, acaba criando certa “insensibilidade” a esse tipo de conduta. E não é apenas o presidente que afronta as instituições.

Para Serrano, a mídia se calou quando tanto Bolsonaro quanto o seu ministro da Justiça, Sergio Moro, atacaram o jornalista Glenn Greenwald, após a publicação da série de reportagens conhecida como Vaza Jato, que desvendou os bastidores da operação de Curitiba.

Ele lembra que o jornalista foi atacado também por sua orientação sexual, assim como Patrícia é atacada por ser mulher. Mais grave ainda, foram, além das agressões e converteram-se em ações concretas contra Glenn, com um processo movido por um procurador que poderia ter culminado com a sua prisão.

“Da mesma forma que a Patrícia teve papel importante na questão dos disparos em massa das fake news, ele (Glenn) teve na Vaza Jato. Agora, parece que quando o agente é o ministro Moro – que é um Bolsonaro com punhos de renda, nada mais do que isso – uma parcela se cala e aceita tudo.” O risco, segundo Serrano, é que as reações de indignação que deveriam ocorrer em defesa dos valores universais se convertam em corporativismo.

O histórico de agressões de Bolsonaro inclui ainda ataques racistas, agressão contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS), contra homossexuais e contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, durante sessão do impeachment, quando homenageou o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, ou ainda quando prometeu “fuzilar a petralhada” durante a campanha eleitoral.

RBA

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