Tradicional jornal britânico destaca que "o presidente está destruindo as tentativas de seu país de conter a disseminação do coronavírus" e adota postura ainda mais baixa que o de costume

Foto: Reprodução/The Guardian

Por Ricardo Ribeiro
O The Guardian, renomado jornal do Reino Unido, publicou hoje um editorial em que critica duramente a postura de Jair Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus. A publicação afirma que o presidente é “um perigo para os brasileiros” e “está destruindo as tentativas de seu país de conter a disseminação do coronavírus”.

O editorial começa destacando que muitas autoridades e setores da sociedade estão empenhados em conter a transmissão no Brasil, enquanto Bolsonaro caminha na direção contrária das medidas, adotadas em todo o mundo.

“Grande parte do Brasil está encerrada. Governadores impõem quarentenas rigorosas. O ministro da Saúde pede às pessoas que fiquem em casa, alertando que, a menos que a transmissão seja reduzida, o sistema de saúde entrará em colapso até o final de abril. Até gangues de traficantes fecham favelas para impedir a disseminação do coronavírus. Enquanto isso, um cidadão desrespeita as restrições e sai para passear no mercado local. Facebook e Twitter removem suas postagens por divulgar remédios não comprovados e atacar o distanciamento físico. Um homem normalmente não pode causar muitos danos. Infelizmente, este é o presidente”, publicou o The Guardian.

Para o jornal, o comportamento do presidente tem sido “vergonhoso” desde que assumiu, com ataques a minorias, direitos humanos e ao ambiente, mas que suas respostas ao coronavírus são ainda mais baixas e teriam atingido “novos níveis de profundidade”.

A publicação enumera os absurdos, como chamar a Covid-19 de “apenas uma gripezinha”e que a resposta é “enfrentar como homens”, bem como o seu encontro com manifestantes no dia 15 de março e os recentes incentivos pela reabertura do comércio. O The Guardian chega a destacar a suspeita de que o presidente tenha transmitido ele mesmo o coronavírus, relembrando que parte de sua equipe foi contaminada e a declaração da Fox News, de que Eduardo Bolsonaro confirmou um exame positivo do pai à emissora e depois voltou atrás.


“Em um país de 210 milhões de pessoas, o curso imprudente do presidente pode ser a diferença entre dezenas ou centenas de milhares de mortes. O perigo para os povos indígenas – pelos quais o desprezo de Bolsonaro é bem documentado – é particularmente grave. As doenças altamente infecciosas devastaram comunidades no passado; o coronavírus pode ser uma ameaça existencial”, alerta o jornal.


O editorial também aponta para o que seria, na opinião do The Guardian, uma estratégia de Bolsonaro para jogar a crise econômica derivada da pandemia no colo dos governadores.

“Por mais errático que Bolsonaro seja, seu curso atual deve, sem dúvida, algo a seus cálculos políticos. Ataque as restrições agora e, quando a economia avança, ele pode culpar as terríveis decisões tomadas por outros. Ele já acusou os governadores de serem ‘exterminadores de empregos’. Alguns observadores também suspeitam que ele vê a pandemia como uma maneira de agitar sua base; ele sempre prosperou em confrontos e caos.”


O texto termina apontando o afastamento de aliados e concluí: “Bolsonaro pode não acreditar no distanciamento físico, mas está se mostrando notavelmente bem-sucedido em se isolar”. O editorial está disponível na versão online do The Guardian.

Revista Fórum

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