Pacientes contaminados com o novo coronavírus morreram na França de possíveis efeitos colaterais de medicamentos à base de hidroxicloroquina
REUTERS - Stephane Mahe
Texto por:
RFI
Três pacientes contaminados com o novo coronavírus morreram na França de possíveis efeitos colaterais graves de um coquetel de medicamentos à base de hidroxicloroquina, molécula submetida atualmente a testes clínicos para verificar a eficácia contra a Covid-19. As autoridades sanitárias francesas alertam contra os riscos da automedicação.
Os hospitais franceses registraram nos últimos dias 30 casos de intoxicação, três deles fatais, em pacientes que tomaram a hidroxicloroquina, também conhecida pelo nome comercial de Reuquinol no Brasil, associada ao Kaletra, um antirretroviral composto das substâncias lopinavir e ritonavir. Na semana passada, o governo francês enquadrou o uso desses medicamentos nos hospitais.O diretor da Agência Nacional de Segurança dos Medicamentos (ANSM), Dominique Martin, disse que análises estão em curso para apurar se esses eventos graves podem ser atribuídos à utilização dos tratamentos experimentais. A ANSM lançou, entretanto, um alerta pedindo aos franceses que evitem a automedicação. A agência também recomenda aos médicos de consultórios privados que não prescrevam essas drogas para pacientes infectados pelo novo coronavírus até a conclusão dos estudos científicos já iniciados.
Nas últimas duas semanas, a ANSM colocou sob "vigilância reforçada" os tratamentos experimentais contra a Covid-19, principalmente quando utilizados fora de ensaios clínicos (cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, tocilizumabe, colchicina). "É normal que os tratamentos sejam tentados, dadas as circunstâncias, mas isso não nos impede de exercer vigilância e farmacovigilância sobre esses produtos", pondera Dominique Martin.
Distúrbios metabólicos da Covid-19 e interação com medicamentos
O diretor da ANSM diz que os estudos realizados pelo professor Didier Raoult, no Hospital Universitário de Marselha (sul), com o coquetel à base de hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina, merecem uma "atenção especial" das autoridades sanitárias. Raoult, um infectologista e microbiologista francês de reputação internacional, mas controverso por algumas posições no meio científico, defende a ampla prescrição desse tratamento em pacientes da Covid-19. Depois de ter realizado dois estudos experimentais em Marselha, ele afirma que a cloroquina "é eficaz" contra a nova pneumonia viral.Porém, o diretor da ANSM destaca que a associação dessas duas drogas "potencializa o risco" de distúrbio do ritmo cardíaco, que pode levar a um infarto", afirma Martin. E isso é "ainda mais verdadeiro em pacientes que sofrem da Covid-19", devido a distúrbios metabólicos específicos dessa doença", insiste o especialista da ANSM.
O relato dessas mortes e de efeitos colaterais graves é mais uma reviravolta na controvérsia global em torno da cloroquina. O farmacêutico de um grande hospital universitário francês, associado ao centro de farmacovigilância em sua região, havia lançado desde sexta-feira (27) uma advertência sobre os casos de acidentes cardíacos fatais.
No domingo (28), a agência regional de saúde da Nova-Aquitânia (oeste) informou que "casos de toxicidade cardíaca foram relatados na região após a automedicação com o Reuquinol diante de sintomas sugestivos da Covid-19, às vezes exigindo hospitalização em terapia intensiva".
Evitar sair de casa continua sendo o melhor método de prevenção contra a doença, segundo especialistas.
RFI

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