Com música marcial, o cavaleiro templário não mostrou o rosto, mas deixou clara a agitação de extrema-direita nas redes sociais. Reprodução
Numa escala de sua viagem aos Estados Unidos, o presidente da República convocou abertamente seus apoiadores a irem para a rua, em mensagem logo compartilhada pelo filho, deputado federal Eduardo, nas redes sociais.
Ao fazer a convocação, Bolsonaro tentou argumentar que a manifestação não é contra ninguém, mas o protesto foi originalmente convocado no âmbito do enfrentamento entre o governo e o Congresso, em resposta ao “fodam-se” disparado pelo general Alberto Heleno em direção a parlamentares.
Heleno sustenta que o Congresso está fazendo Bolsonaro refém do orçamento impositivo.
Num dos vídeos de convocação do ato, um cavaleiro templário menciona “traidores da Pátria” como alvos da manifestação.
“Cada vez mais descarada a provocação de Bolsonaro contra as instituições da democracia. Até quando Maia e Alcolumbre vão se calar? Até o próximo acordão? E ainda faz comício fascista numa área militar para mentir ao país. Generais que se prestam a isso deviam pendurar a farda”, escreveu a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, reagindo à convocação feita por Bolsonaro em Roraima.
Bolsonaro fez o chamamento num momento especialmente difícil de seu governo: crescimento abaixo do esperado (PIB de 1,1%, menor que o do antecessor Michel Temer), dólar disparando a caminho dos 5 reais, ameaça de recessão mundial causada pela pandemia do coronavírus.
Internamente, fracassou a tentativa do presidente da República de montar seu próprio partido — até eleitores mortos apareceram na lista de assinaturas rejeitadas da Aliança pelo Brasil.
Com a suspensão de 12 deputados do PSL, Joice Hasselmann reassumiu a liderança do PSL, em substituição a Eduardo Bolsonaro.
Além disso, o presidente vai enfrentar três grandes manifestações nacionais contrárias nos próximos dias.
Bolsonaro tem sólido apoio de boa parte do empresariado e trouxe os quartéis para dentro do Palácio do Planalto.
Tudo indica que o presidente calculou que precisa de uma grande manifestação popular no dia 15 de março, já que sua base parlamentar está desmilinguida e ele é cada vez mais dependente da boa vontade de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre.
“Não temos os recursos e a estrutura que o entorno do governo tem para viralizar tantas fake news como tem sido feito nas últimas semanas”, disse Maia recentemente.
Uma quebra de sigilo feita a pedido da CPI das Fake News revelou ligação direta do gabinete de Eduardo Bolsonaro com uma conta do chamado “gabinete de ódio”.
Parlamentares da CPI, mencionados pelo diário conservador paulistano Estadão, calcularam em R$ 1,2 milhão mensais o custo da estrutura que ajudaria o clã Bolsonaro a impulsionar conteúdos nas redes sociais.
“Nada disso custa pouco. Um robô custa US$ 12 por mês”, disse Maia na mesma entrevista.
A preocupação do presidente da Câmara faz sentido: ele disputa a mesma base eleitoral, o Rio de Janeiro, com o clã Bolsonaro.
Maia, Alcolumbre e integrantes do STF são alvos frequentes de ataques de bolsonaristas nas redes sociais.
Polarizando com o Congresso, Bolsonaro pode dizer a seus apoiadores que só não tem sido bem sucedido na área econômica por causa do suposto “boicote” denunciado pelo general Alberto Heleno.

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