Bolsonaro amanheceu radicalizando ainda mais. Na porta do Palácio da Alvorada, atacou os governadores, a imprensa e todos aqueles “que nunca fizeram nada pelo Brasil”.
Ameaçou claramente a democracia citando o caso chileno. Afirmou que a esquerda pode usar o caos social – saques causados pela “crise econômica do confinamento horizontal” – como pretexto para tentar tomar o poder. “Podemos sair da normalidade democrática”, afirmou o presidente.
Defendeu o confinamento vertical – apenas de idosos e de pessoas com alguma doença pré-existente – e a retomada da atividade econômica. Citou a Bíblia, defendeu a família e disse que temos que enfrentar a guerra contra o vírus “de pé, sem no acovardar”.
Naturalizou mortes e buscou se eximir de qualquer responsabilidade. Anunciou que irá enquadrar Mandetta.
Falou sobre os 38 milhões de trabalhadores autônomos, citou os trabalhadores CLT e os servidores públicos. Segundo ele, todos ameaçados de ficar sem renda alguma, um mal muito maior que a “gripezinha”.
Apesar de irresponsável, sua fala foi aplaudida em setores empresariais e na Faria Lima, reduto dos banqueiros. Pode ter eco também em setores populares. A falta de sustento amedronta tanto quanto o vírus.
Parte da esquerda continua se apegando à ilusões. A nova é ver contradição entre a fala do Comandante do Exército e de Bolsonaro. Não é uma boa hora para acreditar em papai Noel.
Com o Congresso paralisado, sem aprovar nenhum medida efetiva para a população preocupada com o desemprego, o Capitão fala sozinho para o povão.
Uma catástrofe humanitária, com dezenas de milhares de mortos, pode transformar o presidente em pó.
Continuamos sem qualquer sinal de unidade do campo democrático para enfrentá-lo.
Bolsonaro tem senso de povo e de poder. É um jogador de pôquer ousado. Apostou tudo e está marchando.
Por Ricardo Cappelli
Portal Disparada

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