O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, está longe de ser um gestor excepcional e mais ainda de ser um sanitarista capaz de soluções ousadas e criativas diante de grandes crises, como a que vivemos.

Mas é, sem dúvida, uma exceção neste Governo, e já vinha sendo, ao relacionar-se civilizadamente com o corpo profissional do Ministério de Saúde e fugindo do papel de “doutrinador fundamentalista” que acometeu diversos outros integrantes do governo do psicopata.

Com a crise do novo coronavírus, cresceu por ser assim, um ministro razoável num governo que perdeu a pouquíssima razão que tinha.

Mandetta, neste episódio, definiu-se como o que diz a frase mordaz de Millôr Fernandes: muito mais importante que ser genial é estar cercado de medíocres.

Rápido evidenciou-se a incompatibilidade entre um comportamento minimamente racional e ético na Saúde e de Jair Bolsonaro que, mesmo ante todas as evidências, teima com a inação fatalista ante a doença, para ele misto de praga do Egito comunista chinês e de histeria midiática.

À qual, como um Gideão que se acha, venceria com poucos escolhidos e a fé, deixando que perecessem os incréus. “Vai morrer gente? Vai, eu lamento”.

Enganam-se, porém, os que pensam que o estrago causado por Jair Bolsonaro estará contido com a simples permanência do ministro no cargo.

Sua tarefa exige, mesmo para uma atuação longe do que deveria ser nesta catástrofe, meios e poderes que o presidente não lhe dará.

É provável, mesmo, que muita coisa tenha sido pedida antes do desembarque do vírus e que aqui não esteja porque foi preciso que a crise tomasse proporções de horror para ser autorizada.

Dentro de alguns dias, quando os hospitais entrarem em colapso, com direito a cenas dantescas sendo exibidas na televisão, será Mandetta quem receberá a culpa – “é área dele, pô!” – e perderá ainda mais o espaço que lhe resta no governo de um sujeito que o hostiliza abertamente e já acena com sua demissão “pós-pandemia”.

Pense, amigo leitor e querida leitora, o que representa, na estrutura de comando do Ministério da Saúde, ter um condenado em sua chefia.

Mandetta virou ministro interino, provisório, “bucha” na crise viral.


Tijolaço

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