Aposto que os maldosos vão dizer que eu fazia rachadinha com os donos dos postos

JOSÉ ROBERTO TORERO
São Paulo (Brasil)

Meu nome não é reembolsonaro!

Diário, um jornalista aí, um tal de Lucio de Castro, foi desencavar um treco de gasolina que vai me encher o saco. Ele é da Agência SportLight de notícias. Pô, com esse nome eles não deviam falar só de futebol? Por que que tão se metendo em política?

O cara descobriu que eu pedi reembolso de combustível pra Câmara com umas notas fiscais meio estranhas.

Tem umas normais, mas tem onze notas com uns números malucos, que dizem que eu botei mais de mil litros de gasolina de uma vez só.

Elas foram dadas por dois postos de gasolina do Rio, o Rocar (Barra da Tijuca) e o Pombal (Tijuca), entre 7 de janeiro de 2009 e 11 de fevereiro de 2011. Naquele tempo eu era do PP, partido do Maluf. Somando tudo e corrigindo pelo IGP-M, é como se eu tivesse gastado 45 mil reais só nestes onze reabastecimentos.

Aposto que os maldosos vão dizer que eu fazia rachadinha com os donos dos postos.

Será que cola se eu disser que tinha um Landau? Ou um Galaxie? Ou um Maverick? Melhor ainda: vou dizer que naquele tempo, por segurança, eu andava com um tanque de guerra. Hum..., acho que não... Nem tanque de guerra tem um tanque com mil litros. Só se o carro tivesse uma caixa d’água na capota.

Eu posso dizer que andava com medo de avião e ia de carro pra Brasília toda semana. Não..., ida e volta dá uns 2.400 km, só uns 200 litros. Acho que o jeito vai ser por a culpa no Queiroz mesmo. Com o Flávio tá dando certo.

O pior é que às vezes tem duas notas no mesmo dia. E tem nota fiscal de dia que eu nem estava no Rio, mas em Brasília. Aí complica, porque o reembolso não pode ser dado pra assessor parlamentar, só pro próprio deputado.

Ainda bem que a Lava-Jato, que começou por causa de um posto de gasolina, não começou por estes postos do Rio de Janeiro. Mas o Moro nunca viria pra cima de mim. Ele tava atrás de outro.

Talvez esse combustível respingue na minha reputação. Podem até começar a dizer que eu estou interessado na cloroquina só porque o Reuquinol, aquele remédio que eu mostrei na reunião do G-20, é produzido pelo laboratório Apsen, que, segundo o site Metrópoles, é do Renato Spallicci, que me apoia até debaixo d’água. Ou melhor, até debaixo da gasolina.

(*) José Roberto Torero é escritor e jornalista, autor de livros como Papis et Circensis e O Chalaça. O Diário do Bolso é uma obra ficcional de caráter humorístico.


Opera Mundi

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