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| Médico registra a morte de uma brasileira vítima da Covid-19, em Manaus, no dia 27 de maio de 2020. REUTERS/Bruno Kelly |
No dia em que o Brasil registrou quase mil novas mortes pela Covid-19 e passou a ser o quarto país com mais vítimas da pandemia no mundo, a imprensa francesa chamou a atenção para o progresso “dramático” no número de mortes no gigante sul-americano e destacou a insistência de Jair Bolsonaro em estimular o uso da cloroquina no tratamento da doença, “contra as recomendações científicas”.
Com 28.834 mortes, o Brasil ultrapassou no sábado (30) o total de vítimas da doença na França (28.774). Enquanto o país europeu vê o número de mortes em seu território cair a cada dia –com 57 mortes neste sábado, o jornais franceses indicaram que a América Latina é o novo epicentro da doença.O jornal Le Monde destacou que no Brasil o boletim de mortes “aumenta dramaticamente” a cada dia e que o gigante sul-americano responde por metade das 45 mil novas contaminações anunciadas na América Latina ontem.
A subestimação dos dados de contaminação e mortes anunciados pelo governo brasileiro foi enfatizada pelo jornal Le Parisien, cientistas consideram que os números podem ser sete vezes maiores.
O Le Parisien lembrou que a gestão da crise feita pelo presidente Jair Bolsonaro é muito criticada e que, “há alguns dias, o líder brasileiro tirou sua máscara de proteção antes de ir para o meio da multidão”. No Figaro, o negacionismo de Bolsonaro diante da crise do coronavírus também foi citado.
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| A revista L'Obs destaca os dois meses de discursos do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, negando a gravidade da pandemia do coronavírus © Reprodução/ L'Obs |
A revista l’Obs resumiu os dois meses de “provocações” em que o presidente brasileiro “não parou de minimizar a gravidade da pandemia e de desacreditar o isolamento declarado pelos governos locais”.
“Além de seu sistema de saúde precário e das desigualdades que tornam as populações negras e pobres mais vulneráveis ao vírus, o Brasil é também atormentado por uma verdadeira cacofonia política”, explica a revista.
"Bolsonaro, como Trump, não quer ser responsabilizado por uma falência econômica [...]. Ele colocou um ministro da Saúde provisório, um militar que não sabe nada do assunto. É bastante revelador", afirmou a professora do Instituto francês de Estudos Avançados da América Latina, Juliette Dumont para a L’Obs.
Na rádio France Inter, uma reportagem foi dedicada aos estímulos de Bolsonaro ao uso da cloroquina no tratamento da Covid-19, “contra todos os conselhos científicos”.
A matéria destaca a decisão da OMS (Organização Mundial da Saúde) de suspender todos os ensaios clínicos com essa molécula após os resultados publicados na revista Lancet que indicavam a falta de eficácia do remédio, além do aumento no risco de morte dos pacientes.
“Apesar das persistentes dúvidas sobre o uso de cloroquina, o presidente Bolsonaro continua divulgando seus méritos e algumas cidades do Brasil decidiram distribuí-la”.
A reportagem da France Inter lembra ainda que o remédio recebe apoio sobretudo de defensores do presidente, enquanto os cientistas do país são contra a prescrição dessa molécula. Ainda assim, “o Ministério da Saúde do Brasil a recomenda”.
RFI


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