A partir de documento do CDC, jornal americano revela que relaxamento da quarentena nos estados vai dobrar o número de mortos, diariamente, dentro de um mês. Brasil arrisca ter resultado próximo, se Bolsonaro insistir em reabrir economia

- Alan Santos
Irresponsabilidade e teimosia. Donald Trump e Jair Bolsonaro insistem na retomada da economia, mesmo que isso custe milhares de vidas perdidas nos Estados Unidos e no Brasil - Alan Santos

O jornal ‘New York Times’ alerta na edição desta terça-feira, 5 de maio, que o governo dos Estados Unidos projeta um aumento constante no número de casos e mortes de coronavírus nas próximas semanas. Isso ocorre ao mesmo tempo em que o presidente Donald Trump pressiona os estados a adotarem medidas para reabertura de suas economias.

O número diário de mortos chegará a cerca de 3 mil em 1º de junho, de acordo com projeção do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Isso é quase o dobro do número atual de 1.750 mortos registrados diariamente. O Brasil pode seguir pelo mesmo caminho, caso prevaleça o desejo de Jair Bolsonaro de afrouxar o isolamento social.


No atual ritmo, o Brasil caminha para se tornar o novo epicentro do coronavírus no mundo. Especialistas alertam que o número de vítimas deve crescer com a retomada das atividades econômicas, como quer o Palácio do Planalto. Epidemiologistas destacam que só o distanciamento social pode conter o avanço da doença. Muitos países ocidentais têm observado a redução da curva epidêmica, ao contrário do Brasil. O país tem hoje a maior taxa de contágio dentre 48 países analisados pelo Imperial College de Londres.

O documento interno do CDC revela previsões de uma piora acentuada na crise gerada pelo novo coronavírus nos EUA. O número de infeções diárias no país pode crescer oito vezes, chegando a 200 mil até o início de junho. Atualmente, a média é de 25.000 novos casos registrados por dia no país. Já a contagem diária de mortos dobraria até o final de maio, chegando a 3 mil óbitos.

Controle estadual

Os cálculos do CDC se baseiam no fato de que estados e distritos não tomaram medidas enérgicas para conter a disseminação do Covid-19, ou relaxaram precocemente as medidas de prevenção. Nos EUA, a responsabilidade pelas medidas de combate à doença estão, em grande parte, a cargo dos governos estaduais e das autoridades locais. O mesmo ocorre no Brasil.

Nos EUA, 1.015 mortes foram registradas na última segunda-feira, o menor número de óbitos diários desde o início de abril. Até o momento, foram registradas mais de 1,1 milhão de casos na América e mais de 68 mil mortes em decorrência do Covid-19 no país, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.

Diante do quadro assustador, que pode levar a América a mergulhar numa crise humanitária sem precedentes, a Casa Branca minimizou o vazamento do documento do CDC. Alegou que se trata de estudo interno que não foi compartilhado com outras autoridades e que ainda não havia sido submetido à equipe de Trump.

No último domingo, o presidente dos EUA admitiu que o número de vítimas fatais da doença no país pode vir a ultrapassar 100 mil. Anteriormente, Trump se limitava a prever 70 mil mortes. Assim como Jair Bolsonaro, o presidente dos EUA vem pressionando pelo retorno à normalidade e pela reabertura da economia do país, com vistas às eleições presidenciais em novembro.

O ‘New York Times’ revela que outro modelo epidemiológico, acompanhado de perto pela Casa Branca, elevou as projeções de mortalidade na segunda-feira para mais de 134 mil mortes por Covid-19. O Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington mais do que duplicou sua projeção anterior de cerca de 60 mil mortes. O aumento reflete em parte as “mudanças nas políticas de mobilidade e distanciamento social”.


Da Redação
Partido dos Trabalhadores

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