"O bolsonarismo deixará Marinho livre e solto, depois das revelações sobre a blindagem da Polícia Federal à família na campanha de 2018?", questiona Moisés Mendes

Empresário Paulo Marinho (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

Gustavo Bebianno e Paulo Marinho são dois dos mais importantes criadores de Bolsonaro. Foram eles que, nos bastidores, deram lastro à ideia de que Bolsonaro era um candidato viável e sustentaram as estruturas de campanha.

Bebianno, líder do partido que acolheu Bolsonaro, virou seu inimigo e está morto. Marinho, que ofereceu o carinho dos ricos e a estrutura de marketing de produção de fake news que ajudou a construir o bolsonarismo, precisa ser protegido.

Marinho é de outro time de desafetos, com status bem acima de Bebianno e Adriano da Nóbrega, o miliciano executado na Bahia.

O bolsonarismo deixará Marinho livre e solto, depois das revelações sobre a blindagem da Polícia Federal à família na campanha de 2018?

Marinho sabe, além do que já contou, muito mais da estrutura mafiosa que sustentou Bolsonaro, desde a campanha até agora.


Como já falou sobre as conexões da família com a Polícia Federal, pode querer falar mais, até para buscar proteção e mandar recados aos Bolsonaros.

Marinho é mais do que apenas um novo ressentido porque não recebeu dos Bolsonaros o que lhe foi prometido. O que eles não entregaram ao empresário?

Ao mesmo tempo em que pensa em cassar o mandato de Flavio, tenta acelerar os pedidos de impeachment de Bolsonaro e em requerer investigações sobre a PF, a oposição deve ajudar a proteger Marinho.

O empresário pode ser o primeiro informante rico de um esquema que não era apenas a rachadinha de Queiroz. Ele era parte da disseminação de fake news e da construção do marketing que esculpiu a figura de Bolsonaro.

Bolsonaro sabe que Marinho sabe tudo, e deve saber até de caixa dois e outros rolos. O novo delator é suplente de senador de Flavio Bolsonaro.

É agora candidato pelo PSDB a prefeito do Rio. Vai tentar se posicionar como um antiBolsonaro que sabe tudo dos Bolsonaros.

Além de Paulo Marinho, outro que irá precisar de proteção é André Marinho, filho do dedo-duro, que já confessou ter ajudado a criar e a distribuir fake news durante a eleição, inclusive com mensagens falsas em que imitava Bolsonaro.

André (na foto com Bolsonaro e o pai) sabe o que Bolsonaro e os filhos dele fizeram na primavera de 2018. A família acampou na casa dos Marinho no Jardim Botânico, no Rio.

Eram duas famílias misturadas. Uma da porção da elite carioca decadente e agarrada à extrema direita, e a outra ligada aos milicianos.

É isso o que muda. Até agora, os inimigos dos Bolsonaros, entre os que um dia foram seus aliados e cúmplices dos seus crimes, eram da chinelagem da política, os pobres do submundo da extrema direita.

Agora, os desafetos da ala da grã-finagem também se mobilizam para desconstituir o sujeito que eles ajudaram a inventar. O jogo ficou mais pesado. Outros podem aparecer, se tiverem proteção.


Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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