Itaituba, no Pará, foi apontada como modelo pelo presidente em maio, por manter 95% do comércio aberto. Um mês depois, a cidade de 100 mil habitantes tem mais de mil casos e 35 mortes


 (foto: Agência Pará)
Imagem aérea de Itaituba (foto: Agência Pará)


No dia 14 de maio, em uma de suas famosas lives, o presidente Jair Bolsonaro citou, como exemplo de enfrentamento à pandemia, a pequena cidade de Itaituba, no interior do Pará, afirmando que lá, “o prefeito (Valmir Climaco, do PMDB) permitiu o funcionamento de 95% do comércio”, e mesmo assim, mantinha 0 casos de covid-19.

Porém, assim como aconteceu no caso da Suécia, a tentativa bolsonarista de forçar um exemplo de sucesso na contenção do vírus sem distanciamento social ruiu em pouco tempo. Após exatos 30 dias, a cidade paraense, de pouco mais de 100 mil habitantes, já enfrenta problemas com o surto da doença: os infectados já são 1295, com 35 mortes.

Segundo meios de imprensa locais, a doença se espalhou na região através dos garimpos, que concentra grande parte do emprego na zona, e tem feito o surto se alastrar também pelas cidades vizinhas, como Rurópolis e Jacareacanga, que juntas têm 90 mil habitantes, e registam cerca de 300 infectados e 8 mortes.

Diante do aumento dos casos e das mortes, o oásis de Bolsonaro teve que mudar suas políticas, e a política de comercio aberto foi sendo abandonada paulatinamente. “Naquela época da live, o comércio estava totalmente aberto, nós tivemos um aumento de óbitos e aí estava prestes a decretar lockdown. Achamos por bem recomendar a redução (das atividades) para tentar controlar a circulação das pessoas”, contou o secretário municipal de Saúde de Itaituba, Adriano Coutinho, em entrevista ao UOL.

“Nosso prefeito (Valmir Climaco, do PMDB) tem muita preocupação com a questão econômica. Sempre a gente tentou conciliar a economia com a saúde. Mas o comércio nunca fechou totalmente, e foi isso que o presidente falou, elogiou o prefeito, só que não teve condições mais de manter o comércio totalmente aberto. Mesmo de forma reduzida o comércio está conseguindo trabalhar”, completou Coutinho.

Até esta sexta-feira (12), Itaituba manteve fechadas as academias de ginástica, bares, restaurantes e casas de show. O decreto municipal estabelecia que o comércio não essencial estava autorizado a funcionar até às 14h, enquanto os serviços essenciais podiam funcionar até às 17h.

Uma mudança deve ocorrer a partir deste sábado (13), permitindo uma reabertura com restrições de alguns setores, mas mantendo um toque de recolher, que começa a valer a partir das 18h – e que só permite que profissionais de saúde, de segurança e entregadores de comida e medicamentos possam circular.


Revista Fórum

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